A fumaça branca surgiu no segundo dia do conclave, indicando que a maioria qualificada dos cardeais – pelo menos dois terços dos votos – foi alcançada. Com isso, está oficialmente escolhido o novo pontífice, que assumirá a condução espiritual de mais de 1,3 bilhão de católicos ao redor do mundo, além de ser o chefe do Estado do Vaticano.
Logo após a confirmação visual do resultado, os olhos do mundo se voltaram para a varanda central da Basílica de São Pedro, onde o cardeal protodiácono Dominique Mamberti deverá anunciar nas próximas horas a célebre frase “Habemus Papam”, revelando tanto o nome do cardeal eleito quanto o nome papal que ele adotará para seu pontificado. Em seguida, o novo papa fará sua primeira aparição pública, oferecendo a bênção “Urbi et Orbi”, à cidade e ao mundo.
A morte de Francisco, o primeiro papa das Américas e o primeiro jesuíta a assumir o trono de Pedro, foi marcada por homenagens globais e uma comoção generalizada. Nascido Jorge Mario Bergoglio, em Buenos Aires, ele foi eleito em 2013 e rapidamente conquistou admiradores pela sua postura simples, fala direta e forte envolvimento com causas sociais. Durante seus doze anos de pontificado, promoveu reformas na administração do Vaticano, incentivou o diálogo inter-religioso e defendeu ações firmes contra os abusos sexuais dentro da Igreja.
O conclave que agora se encerra foi composto por cardeais eleitores de diferentes partes do mundo, refletindo a diversidade e a abrangência da Igreja Católica. Ainda não foi revelado qual cardeal foi escolhido, mas diversas hipóteses vinham sendo levantadas por analistas e vaticanistas desde a morte de Francisco. Entre os nomes mais mencionados estavam o cardeal filipino Luis Antonio Tagle, forte símbolo da Igreja no sudeste asiático; o cardeal Matteo Zuppi, da Itália, conhecido por sua atuação com os marginalizados; e o cardeal brasileiro Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo.
Além do caráter espiritual, a eleição do novo papa traz consigo expectativas políticas e sociais. O pontífice exerce papel influente em questões globais, como imigração, pobreza, guerra e meio ambiente. Diante das novas ameaças ao equilíbrio geopolítico e da crescente polarização ideológica, o novo papa será desafiado a manter a unidade da Igreja, reforçar a credibilidade da instituição e aproximá-la dos fiéis, especialmente os jovens, cuja presença nas celebrações tem diminuído ao longo das últimas décadas.
Outro desafio será lidar com as tensões internas entre alas progressistas e conservadoras. Francisco buscou um equilíbrio entre as duas correntes, enfrentando críticas de ambos os lados por seu posicionamento sobre temas como a ordenação de mulheres, o celibato clerical e os direitos das pessoas LGBTQ+. O novo pontífice herda uma Igreja em transição e deverá indicar nos primeiros meses de seu pontificado qual será a orientação que pretende seguir.
Após o anúncio oficial, o novo papa será conduzido à Sala das Lágrimas, onde vestirá pela primeira vez os paramentos brancos. Em seguida, sairá para ser apresentado à multidão que já ocupa a Praça de São Pedro. A primeira missa solene está prevista para ocorrer nos próximos dias e contará com a presença de cardeais, chefes de Estado e milhares de fiéis.
A comoção gerada pela morte de Francisco deu lugar agora à esperança e renovação. Enquanto os sinos do Vaticano ecoam e os olhos do mundo aguardam ansiosamente a revelação do novo papa, a Igreja Católica inicia um novo capítulo em sua longa e complexa história.