No pronunciamento gravado, Zambelli afirmou estar sendo vítima de uma perseguição sem precedentes, fruto de um ambiente que, segundo ela, se tornou hostil a vozes conservadoras e críticas ao sistema vigente. Em tom firme, embora comedida na expressão, a deputada apontou diretamente para o Supremo Tribunal Federal como responsável por promover o que chamou de arbitrariedades jurídicas. Sem citar nomes, mas fazendo clara alusão ao ministro Alexandre de Moraes, que conduziu o processo, ela declarou que a sentença imposta tem motivação política e representa um ataque à liberdade de opinião e à imunidade parlamentar.
A deputada afirmou que não cometeu nenhum crime e que sua atuação sempre foi pautada pelo que considera ser a defesa legítima da democracia e dos direitos individuais. Para ela, a pena é desproporcional, especialmente pelo fato de incluir uma multa milionária que, em suas palavras, a transforma em prisioneira de uma dívida impossível de quitar. Zambelli declarou que, como cidadã de classe média, jamais conseguiria pagar o valor exigido, e que essa medida tem como único propósito inviabilizar sua vida pessoal e carreira política mesmo após eventual cumprimento da pena privativa de liberdade.
Durante o vídeo, Zambelli anunciou que sua equipe jurídica já protocolou recursos no Supremo e em outras instâncias cabíveis, e que ainda há instrumentos legais sendo analisados dentro do Congresso Nacional. A grande surpresa, porém, foi a revelação de que a Câmara dos Deputados está avaliando um pedido formal de suspensão do processo. Segundo ela, esse pedido já foi recebido e está sendo analisado por comissões internas, com possibilidade de ser colocado em pauta nas próximas semanas. Ela declarou que confia no Parlamento e que acredita que os demais deputados compreenderão a gravidade do que está em jogo. Em suas palavras, a última palavra não pode ser de um homem só, em aparente crítica ao poder concentrado nas mãos do relator do caso.
A resposta política à condenação não demorou. Diversos parlamentares ligados à base conservadora, à bancada evangélica e ao núcleo bolsonarista demonstraram solidariedade à deputada. Nas redes sociais, hashtags em apoio a Zambelli rapidamente se espalharam e o vídeo com sua declaração ganhou grande repercussão. Influenciadores e ativistas de direita passaram a questionar a imparcialidade do Supremo e, principalmente, de Alexandre de Moraes. Para muitos, a sentença revela um padrão de repressão seletiva e é um sinal alarmante sobre os rumos do Estado de Direito no Brasil.
Do outro lado, adversários políticos da deputada comemoraram a decisão judicial como uma vitória do sistema democrático contra o que chamam de extremismo político. Para esses setores, a condenação é uma resposta institucional necessária diante de comportamentos que atentam contra a ordem constitucional. No entanto, mesmo entre juristas que defendem a responsabilização por discursos antidemocráticos, há vozes que expressam preocupação com o grau de severidade da pena e com os possíveis efeitos colaterais que podem alimentar uma narrativa de martírio político.
O ministro Alexandre de Moraes, novamente no centro de um julgamento polêmico, passou a ser alvo de críticas renovadas por parte de parlamentares da oposição. A acusação de que age com parcialidade e que tem promovido decisões com motivação política ganha força nos bastidores do Congresso. Apesar de sua postura firme nos inquéritos que envolvem ataques à democracia, há quem argumente que o Judiciário precisa demonstrar equilíbrio para não reforçar a ideia de que atua fora dos limites institucionais.
A possível tramitação do pedido de suspensão do processo na Câmara dos Deputados traz uma nova camada de tensão ao cenário político. Se aprovado, o gesto seria um recado direto ao Supremo Tribunal Federal, abrindo espaço para um debate mais amplo sobre os limites da atuação de cada Poder da República. Mais do que o destino jurídico de Zambelli, o caso se transforma em um símbolo da crise de confiança entre instituições e do embate entre discursos antagônicos sobre democracia, liberdade e responsabilidade. A depender da condução dos próximos passos, o episódio poderá se tornar um marco na relação entre Legislativo e Judiciário no Brasil contemporâneo.