Ministro de Lula acusa Moro, é desmentido e sai desmoralizado no Senado

LIGA DAS NOTÍCIAS

Na manhã desta quinta-feira, 15 de maio, o Senado Federal foi palco de um dos momentos mais constrangedores da recente história política brasileira. Durante uma audiência pública que deveria servir para esclarecimentos sobre a nova gestão da Previdência Social, o ministro recém-nomeado Wolney Queiroz acabou se tornando o centro de uma polêmica que expôs, ao vivo, uma tentativa frustrada de manipulação de fatos e transferência de responsabilidade. Sua postura ao longo da sessão não apenas revelou despreparo, mas também lançou dúvidas sobre sua capacidade de conduzir uma das pastas mais sensíveis do governo federal.


Em sua fala inicial, Wolney Queiroz adotou uma postura confiante, como se tivesse pleno controle da situação. Tentando seguir uma estratégia já recorrente no atual governo, Queiroz optou por culpar gestões anteriores por problemas que, na prática, recaem diretamente sobre o período em que a Previdência esteve sob responsabilidade do ex-ministro Carlos Lupi, também ligado ao atual governo. O alvo da vez foi o senador e ex-ministro da Justiça Sergio Moro, acusado pelo novo ministro de ter se omitido diante de um escândalo que envolve descontos indevidos nos benefícios previdenciários de milhares de brasileiros, um esquema que se tornou de conhecimento público em 2023.


O que Queiroz não esperava era que Moro estivesse presente na sessão e pronto para responder às acusações. Com clareza e firmeza, o senador desmentiu ponto a ponto a narrativa construída pelo ministro, revelando que, na verdade, o próprio Wolney participou de uma reunião oficial em junho de 2023, na qual o caso dos descontos irregulares foi discutido com detalhes. Moro foi além e mencionou que todos os documentos e alertas já haviam sido repassados aos órgãos competentes, e que a partir daquele momento cabia à equipe do governo federal agir. Em uma tentativa de reforçar sua argumentação, Moro solicitou a exibição de um vídeo gravado durante o encontro citado.


As imagens exibidas foram devastadoras para Queiroz. Elas mostraram de forma incontestável que ele esteve presente na reunião e teve acesso às denúncias ainda no ano passado. Ao ser confrontado com a gravação e com a fala direta de Moro, o ministro retrucou com a frase que se tornaria o símbolo do escândalo: “Eu não tinha que fazer nada, não.” A reação foi imediata. O ambiente da sessão mudou de tom, e até senadores que inicialmente não estavam se posicionando passaram a manifestar perplexidade com a tentativa de se eximir de uma responsabilidade tão grave.


O episódio é ainda mais sério quando se considera o impacto social do escândalo em questão. Milhares de aposentados e pensionistas, muitos dos quais dependem exclusivamente de seus benefícios para sobreviver, foram vítimas de descontos indevidos aplicados por associações conveniadas ao INSS. A estimativa é de que o prejuízo acumulado ultrapasse os bilhões de reais, com casos que seguem sem solução e sem reparação até hoje. As denúncias, que já vinham sendo feitas desde a gestão de Carlos Lupi, não tiveram resposta efetiva do governo federal. A expectativa era de que com a troca no comando da pasta, uma nova postura fosse adotada. No entanto, a tentativa de blindagem política e de distorção dos fatos por parte de Wolney Queiroz indica que pouco ou nada mudou.


O comportamento do ministro gerou forte repercussão fora do Senado. Nas redes sociais, o vídeo do confronto com Sergio Moro viralizou rapidamente, com a expressão “desmascarado ao vivo” ganhando força entre os temas mais comentados do dia. Influenciadores, jornalistas e cidadãos comuns manifestaram indignação com a atitude de Queiroz e cobraram do governo uma resposta à altura. Entidades representativas de aposentados também se mobilizaram, exigindo providências imediatas e o fim das omissões que têm marcado a condução da Previdência nos últimos anos.


A conduta do ministro é vista por analistas políticos como um reflexo de uma estratégia recorrente no governo Lula: em vez de enfrentar os problemas, busca-se desviar o foco por meio da retórica e da transferência de culpa. No entanto, a resposta de Moro e a comprovação factual por meio do vídeo expuseram os limites dessa abordagem. Quando os fatos são evidentes e documentados, a tentativa de manipulação perde força e o discurso político se torna insustentável.


O episódio desta quinta-feira representa mais do que uma derrota pessoal para Wolney Queiroz. Ele simboliza o desgaste de uma narrativa que, cada vez mais, encontra resistência na sociedade. A população brasileira, marcada por escândalos históricos de corrupção e má gestão, demonstra crescente intolerância com desculpas mal elaboradas e estratégias de blindagem política. O governo, se quiser manter alguma credibilidade, terá de lidar com os problemas de frente e assumir responsabilidades, ao invés de continuar culpando terceiros por erros próprios.


A audiência no Senado terminou com o ministro visivelmente constrangido, e com um governo ainda mais pressionado a explicar por que, diante de um esquema tão grave, preferiu o silêncio e a omissão. A verdade, mais uma vez, acabou falando mais alto que a encenação política.


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