O ex-presidente afirmou que, ao contrário do que se possa pensar, nunca cogitou fugir do país. Segundo ele, esteve nos Estados Unidos por três meses e poderia ter permanecido lá, já que recebeu propostas de trabalho. No entanto, ele optou por retornar ao Brasil para enfrentar as acusações e seguir com sua carreira política, visando as eleições de 2026. "Eleições de 2026 sem meu nome é negação da democracia", disse Bolsonaro durante a entrevista à rádio CBN Recife.
Além disso, Bolsonaro se queixou das constantes ameaças de prisão, considerando que estas fazem parte de uma narrativa de golpe, uma tentativa de perseguição política. Ele reforçou a ideia de que a possibilidade de ser preso é apenas uma "arbitrariedade" e que a prisão, se ocorrer, será sem justificativa legal. O ex-presidente também expressou sua opinião de que "qualquer um tem chance de ganhar do Lula" nas eleições de 2026.
Na noite anterior à entrevista, a Polícia Federal (PF) divulgou uma série de áudios que integram o inquérito sobre o suposto plano golpista relacionado aos eventos das eleições de 2022. Em um dos áudios, conversa entre dois oficiais militares, o coronel Bernardo Romão Corrêa Netto e Fabrício Moreira de Bastos, é discutido o fato de Bolsonaro ter medo de ser preso, o que teria influenciado sua decisão de não assinar um decreto golpista que estava em circulação naquele momento. De acordo com a transcrição da conversa, a falta de adesão das Forças Armadas ao plano impediu a concretização da ação.
Os áudios sugerem que, mesmo após a derrota nas eleições de 2022, o ex-presidente estaria envolvido na discussão de alternativas para um possível golpe, caso o resultado fosse desconsiderado. A conversação entre os coronéis revela que Bolsonaro estava preocupado com a prisão e, por isso, não deu seu apoio ao decreto que seria parte do plano golpista. Além disso, as menções a outros oficiais e à situação das Forças Armadas indicam que a articulação envolvia figuras de alto escalão do exército.
A denúncia da PGR acusou Bolsonaro de ser responsável por uma série de ações, incluindo a organização criminosa armada e a tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. A acusação também envolve danos ao patrimônio da União e à deterioração de patrimônio tombado. O caso agora aguarda a análise do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinará os próximos passos no processo.
O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, concedeu um prazo de 15 dias para que as defesas dos 34 denunciados se manifestem. Após esse prazo, Moraes decidirá se o caso está pronto para ser levado a julgamento. Caso o caso siga para julgamento, será marcada uma sessão na Primeira Turma do STF, onde os ministros irão decidir se os denunciados se tornarão réus e irão responder a uma ação penal.
A situação em torno das acusações contra Bolsonaro segue gerando discussões acaloradas no cenário político. De um lado, seus apoiadores defendem que as acusações são infundadas e parte de um processo político de perseguição. Do outro, seus opositores consideram as evidências apresentadas pela PF como uma prova concreta de que o ex-presidente esteve envolvido em tentativas de desestabilizar o regime democrático do Brasil.
Enquanto isso, Bolsonaro continua se posicionando como uma figura importante dentro do cenário político, com a perspectiva das eleições presidenciais de 2026 se aproximando. Seus aliados e defensores buscam manter a narrativa de que ele é vítima de um sistema político que o marginaliza, enquanto seus adversários apontam para as evidências que indicam sua participação em ações golpistas. O desenrolar dos próximos meses será crucial para entender se Bolsonaro conseguirá reverter as acusações e manter sua relevância política.