Bolsonaro chama de “tortura” delação de Mauro Cid

LIGA DAS NOTÍCIAS

O ex-presidente Jair Bolsonaro fez duras críticas à delação do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, acusando-a de ser uma forma de “tortura”. A declaração foi dada durante uma entrevista à CBN Recife, onde Bolsonaro se referiu ao processo de colaboração de Cid como um episódio de pressão psicológica. Segundo o ex-presidente, o depoimento foi obtido por meio de ameaças contra a família de Cid, o que teria influenciado suas mudanças de posição. Bolsonaro citou, ainda, o caso como semelhante a situações da Lava Jato, que, em sua visão, levaram à anulação de processos devido à coercitividade das investigações.


A delação de Mauro Cid foi crucial para a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que envolveu 34 pessoas, incluindo o próprio ex-presidente, em uma investigação sobre uma trama golpista arquitetada para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2023. A denúncia incluiu acusações de organização criminosa e tentativa de golpe de Estado. Cid foi ouvido por autoridades no âmbito de investigações sobre a tentativa de minar a democracia, com a PGR alegando que ele e outros envolvidos discutiram formas de desestabilizar o governo eleito.


A manifestação de Bolsonaro ocorre após o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, decidir tornar públicos os depoimentos de Mauro Cid, que estavam sob sigilo até então. O acesso à íntegra da delação gerou críticas de advogados de defesa, que alegavam a falta de transparência nos conteúdos. Moraes justificou a decisão com o argumento de que a continuidade da investigação não dependia mais do sigilo, pois ele não era mais necessário para proteger os direitos do colaborador ou a eficácia do processo. A medida gerou reações de diferentes lados, com a defesa de Bolsonaro e de outros acusados questionando a forma como a delação foi conduzida.


Em relação aos detalhes do depoimento de Cid, o ex-presidente reafirmou a sua posição de que não houve tentativa de golpe de Estado e insistiu que qualquer ação envolvendo decretação de estado de sítio ou de defesa seria legítima, dentro dos marcos constitucionais. Ele argumentou que tais medidas foram apenas discutidas como uma possibilidade legal diante de uma situação extrema, mas nunca houve intenção de subverter a ordem democrática. Bolsonaro também mencionou a ausência de qualquer base concreta para as acusações de golpe, refutando com veemência a existência da famosa “minuta do golpe”, que, segundo ele, nunca existiu.


A acusação formal da PGR contra Bolsonaro inclui, além de golpe de Estado, crimes como organização criminosa armada e tentativa de abolição do estado democrático de direito. A Justiça também tem aplicado algumas medidas cautelares contra o ex-presidente, como a retenção de seu passaporte, o que o impediu de comparecer à posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em janeiro de 2025. A retensão do passaporte é uma das várias ações que visam garantir a integridade das investigações, evitando que o ex-presidente possa fugir ou prejudicar o andamento do processo judicial.


O caso de Mauro Cid e suas declarações vêm gerando ampla repercussão, não apenas no âmbito jurídico, mas também na opinião pública. O próprio Cid, em depoimentos, foi pressionado por autoridades a revelar mais informações sobre o papel de Bolsonaro e outros aliados no suposto esquema golpista, sendo confrontado com provas da Polícia Federal que indicam omissões em suas primeiras versões sobre os fatos. O ex-ajudante de ordens, no entanto, manteve a colaboração com a Justiça, o que resultou na formalização das acusações que envolvem o núcleo político da administração Bolsonaro.


Por fim, Bolsonaro continua a se defender de todas as acusações, afirmando que as investigações são parte de uma perseguição política e de uma tentativa de criminalizar sua gestão. Para ele, as acusações e o processo judicial têm como único objetivo desestabilizar sua imagem e prejudicar sua participação nas próximas eleições. Bolsonaro ainda declarou que, se sua candidatura for barrada ou contestada nas eleições de 2026, isso representará uma negação da democracia.

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