O parecer da PGR, assinado pelo vice-procurador-geral da República, Hinderburgo Chateaubriand, apontou que as alegações de Randolfe Rodrigues se baseavam exclusivamente em reportagens jornalísticas, sem apresentar provas adicionais que pudessem corroborar as acusações. De acordo com a PGR, as informações apresentadas não eram suficientes para justificar uma investigação mais aprofundada. Além disso, o Ministério Público Federal argumentou que a acusação não individualizava os envolvidos, ou seja, não especificava a conduta de cada membro da família Bolsonaro, o que dificultaria qualquer apuração. A investigação também abordava transações realizadas ao longo de mais de três décadas, o que foi considerado um obstáculo para estabelecer uma ligação direta entre os envolvidos e eventuais atos irregulares.
Outro ponto mencionado no parecer da PGR foi a tentativa de associar as aquisições dos imóveis a possíveis esquemas de "rachadinha", prática ilegal que envolve a devolução de parte do salário de servidores públicos a seus superiores. A Procuradoria considerou que as investigações sobre esse tipo de esquema ainda são inconclusivas e que não havia elementos suficientes para vincular as compras de imóveis com práticas ilícitas, como lavagem de dinheiro. A PGR afirmou que seria prematuro inferir uma conexão direta entre essas aquisições e crimes financeiros, destacando que tal suposição não se sustentaria sem evidências mais substanciais.
Além disso, a PGR ressaltou que o simples fato de parentes de Jair Bolsonaro estarem envolvidos nas negociações imobiliárias não constituía, por si só, um indício de que o ex-presidente estivesse diretamente envolvido em práticas ilegais. A procuradoria destacou que, para iniciar uma investigação mais profunda, seriam necessárias provas claras e substanciais, o que não havia sido apresentado até o momento.
A Procuradoria também fez referência ao fato de que os mesmos eventos já haviam sido analisados em uma Notícia de Fato no âmbito da própria PGR, em que o caso havia sido arquivado anteriormente por falta de provas concretas. Isso reforçou a decisão de não reabrir a investigação, considerando que novos elementos não haviam surgido para justificar uma nova apuração. O parecer concluiu que a reabertura da investigação representaria uma violação da privacidade dos membros da família Bolsonaro, pois implicaria medidas invasivas sem o devido respaldo legal, baseadas apenas em suposições.
Essa decisão da PGR foi vista como um recuo em relação à tentativa de reabertura das investigações, que já havia sido solicitada em outras ocasiões, e reflete a dificuldade de sustentar acusações sem a apresentação de provas concretas. A Procuradoria deixou claro que, embora o caso tenha gerado grande repercussão na mídia, as investigações precisam ser baseadas em elementos factuais e não em especulações.
Essa medida pode ter implicações políticas e jurídicas, já que o caso envolvendo a família Bolsonaro continua a gerar debates intensos. A decisão da PGR também levanta questões sobre o papel das reportagens jornalísticas na formação de investigações oficiais e a necessidade de que acusações sejam acompanhadas de evidências robustas antes de se tomar qualquer ação legal significativa.
Enquanto isso, o ex-presidente Jair Bolsonaro segue enfrentando outros processos e investigações, o que mantém sua figura sob constante escrutínio público. Embora este episódio tenha sido arquivado, as discussões sobre a legalidade de suas ações e a da sua família continuam a ser um tema importante na política brasileira. Essa situação é um reflexo das tensões políticas que marcaram o período pós-presidência de Bolsonaro, com críticas a sua gestão e a de seus aliados. A decisão da PGR pode não ser o fim das especulações sobre a família Bolsonaro, mas certamente representa um momento significativo no contexto jurídico e político do Brasil.