Almeida explicou que ficou em silêncio por tanto tempo porque precisava entender melhor o que estava acontecendo, cuidar da sua saúde e estar perto de sua família. "Não havia disposição para que eu fosse ouvido. Criou-se um clima de hostilidade", afirmou. De acordo com ele, as investigações estavam sob sigilo, o que o fez optar pelo silêncio naquele momento. "Mas chegou a hora de começar a falar", disse ele, refletindo sobre o período difícil que enfrentou.
A acusação de importunação sexual de Anielle Franco foi um dos principais pontos de sua entrevista. A ministra afirmou em uma entrevista à revista Veja que o suposto assédio teria ocorrido durante a transição entre os governos. Almeida, por sua vez, garantiu que não houve convivência entre os dois nesse período. Ele relembrou brevemente dois encontros com Anielle, ambos em circunstâncias formais. Além disso, ele explicou que, devido a compromissos internacionais, esteve fora do país durante boa parte da transição e que os encontros presenciais entre eles foram limitados.
Sobre as alegações específicas de assédio sexual, como a de que ele teria feito sussurros eróticos e tocado a ministra de forma inapropriada durante uma reunião em Brasília, Almeida foi categórico: "É óbvio que não". Ele descreveu a reunião como tensa e de discussão sobre racismo nos aeroportos, mas descartou qualquer comportamento inadequado. Ele relatou ainda que a ministra, em determinado momento, foi rude ao interromper suas falas e fazer um comentário desrespeitoso, o que o fez sair da reunião.
Em sua defesa, Almeida reiterou que nunca teve qualquer comportamento inadequado com Anielle ou com outras mulheres. Ele comentou sobre a troca de mensagens de WhatsApp com a ministra, que envolviam elogios a um vestido, afirmando que o contexto da mensagem era de educação e cordialidade. "Achei gentil e educado dizer que o vestido estava deslumbrante", afirmou, sem ver qualquer malícia nas palavras.
Almeida também se debruçou sobre as acusações de assédio feitas por outros, como a professora Isabel Rodrigues e ex-alunas, que afirmaram ter sido vítimas de comportamentos inadequados. O ex-ministro declarou surpresa com as acusações, especialmente a de Isabel, com quem tinha uma amizade de anos. Ele argumentou que não havia qualquer fundamento nas denúncias, explicando que, ao longo de sua carreira acadêmica, nunca havia sido acusado de assédio. "Nunca tive nenhum tipo de acusação", afirmou.
Sobre as supostas intrigas e fofocas que surgiram ao seu redor, Almeida reconheceu que a política está permeada de disputas e rivalidades, mas garantiu que sempre buscou se manter longe desses conflitos. Segundo ele, foi justamente a falta de atenção a essas intrigas que pode ter sido um erro de sua parte. Em relação à sua relação com Anielle Franco, Almeida acredita que ela se deixou envolver por forças externas, participando de um jogo político que acabou prejudicando a sua credibilidade e a de outras pessoas.
O ex-ministro também abordou o impacto das acusações em sua vida pessoal e profissional. Almeida se disse desorientado ao ver sua imagem ser distorcida e seu nome associado a acusações graves sem fundamento. "Quando as pessoas começam a falar de uma coisa que você não é, você passa a se perguntar quais foram suas atitudes na vida para que estejam te xingando desse jeito", refletiu. Para ele, a acusação de assédio sexual é uma ofensa profundamente injusta e quem a faz, sem verdade, deve ser responsabilizado.
Em relação à pressão que sofreu, Almeida comentou sobre sua demissão pelo presidente Lula, dizendo que o presidente foi levado a uma situação difícil, sem alternativas claras, e que não guardava rancor, mas entendia a decisão. Almeida também mencionou que, apesar de ser uma figura respeitada no meio intelectual e político, viu-se subitamente rotulado de "estuprador" pelas falsas acusações. Ele rejeitou a ideia de pedir desculpas, pois acredita que não fez nada de errado.
Por fim, Almeida falou sobre o que considera uma manipulação de causas sociais para fins de poder, particularmente a respeito do Me Too Brasil. Para ele, a forma como as denúncias foram tratadas, com vazamentos de informações e uso político, criou um clima de linchamento e destruição de reputação. Ele acredita que o caso foi manipulado por grupos que tinham interesses próprios e que o objetivo era prejudicá-lo politicamente, especialmente em relação a sua possível ascensão a cargos no Judiciário. "Essa fofoca se tornou um objeto de interesse do jornalismo e uma crise para o governo", afirmou.
Em meio a tantas adversidades, Silvio Almeida afirmou que está em busca de justiça e que as mentiras que o envolveram não ficarão impunes. "Todos que estão se referindo a mim desse jeito vão ser responsabilizados", concluiu.