Moraes vota para condenar homem que sentou na ‘cadeira do Xandão’ a 17 anos de prisão

LIGA DAS NOTÍCIAS

 

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, votou nesta segunda-feira pela condenação do mecânico Fábio Alexandre de Oliveira a 17 anos de prisão por participação nos atos de vandalismo e invasão às sedes dos Três Poderes em Brasília, no dia 8 de janeiro de 2023. O julgamento ocorre em plenário virtual da Primeira Turma do Supremo e se estende até o dia 5 de agosto. Além de Moraes, que é relator do caso, os ministros Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, presidente do colegiado, também votarão.


Fábio, natural da cidade de Penápolis, interior de São Paulo, foi identificado em registros de vídeo dentro do plenário do STF, proferindo ofensas direcionadas aos ministros e ocupando uma das cadeiras da Corte. Em uma das gravações, ele aparece gritando ofensas ao ministro Alexandre de Moraes enquanto aponta para a cadeira do magistrado, dizendo que “é o povo que manda” e utilizando termos vulgares em referência à instituição. O vídeo circulou amplamente nas redes sociais e foi utilizado como prova principal pela acusação.


Na decisão, Moraes classificou a conduta do réu como uma manifestação clara de adesão ao propósito de ruptura da ordem constitucional. Segundo o ministro, não se tratou de um gesto isolado ou impensado, mas de uma participação ativa, consciente e voluntária em uma ação orquestrada com objetivo de minar a democracia e subverter o resultado das eleições. Para ele, a presença do acusado na sede do STF, somada aos registros de sua atuação em protestos e bloqueios de estradas após a vitória de Lula em 2022, demonstram envolvimento direto em atos com viés antidemocrático.


A pena sugerida por Moraes totaliza 17 anos, sendo 15 anos e seis meses de reclusão, um ano e seis meses de detenção, além do pagamento de multa. O ministro fundamentou seu voto apontando cinco crimes atribuídos ao réu: abolição violenta do Estado democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, dano qualificado, deterioração de patrimônio tombado e associação criminosa armada. Ele destacou que, mesmo que o réu tenha alegado que sua presença na Corte foi uma “brincadeira”, a natureza e o contexto do ato não podem ser relativizados. Para Moraes, trata-se de um atentado à democracia que precisa ser exemplarmente punido.


Em depoimento prestado durante as investigações, o mecânico afirmou que não tinha conhecimento de que estava sendo filmado e que seu gesto foi apenas simbólico, feito como lembrança de um momento que, segundo ele, não teve maiores consequências. Afirmou ainda que não participou de ações violentas e que não se envolveu com grupos organizados. Entretanto, segundo o relatório da Polícia Federal, o nome de Fábio apareceu em listas de participantes de bloqueios ilegais em rodovias logo após a eleição de Lula, além de registros de sua atuação em manifestações com pautas classificadas pelo próprio STF como antidemocráticas.


A Procuradoria-Geral da República embasou sua denúncia com vídeos, imagens de câmeras de segurança, mensagens em redes sociais e relatos de testemunhas. A PGR argumentou que, apesar de não ter assumido papel de liderança nos atos de 8 de janeiro, Fábio contribuiu ativamente para o cenário de caos e depredação, o que configura, na avaliação da acusação, coautoria nos crimes narrados. Moraes endossou essa tese ao afirmar que a simples presença no local, associada à conduta exaltada e ofensiva, comprova que o réu não foi mero espectador, mas agente direto na tentativa de desestabilizar o regime democrático.


O julgamento ainda aguarda os votos dos demais ministros da Primeira Turma. A expectativa é que a decisão de Moraes seja acompanhada pelos colegas, como já ocorreu em outros casos similares. Até o momento, o Supremo já condenou dezenas de envolvidos nos atos de 8 de janeiro, com penas que variam de 14 a 17 anos de prisão, consolidando a linha dura adotada pela Corte contra crimes que atentam contra as instituições democráticas.


A decisão de Moraes marca mais um capítulo do processo de responsabilização dos envolvidos na tentativa de golpe, que gerou repercussão internacional e colocou em xeque a segurança institucional do país. O julgamento serve também como um sinal para os setores mais radicais da política brasileira de que a Suprema Corte pretende manter uma postura firme diante de ameaças à estabilidade democrática, independentemente da posição social ou do nível de envolvimento direto dos réus.


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