A organização do ato conta com o envolvimento direto do pastor Silas Malafaia, um dos principais articuladores políticos e religiosos ligados ao bolsonarismo. Malafaia tem se dedicado nos últimos meses a denunciar o que chama de perseguição judicial contra Bolsonaro e seus aliados, e defende que os presos do 8 de janeiro não tiveram um julgamento justo, sendo tratados com parcialidade pelo Supremo Tribunal Federal. O protesto, segundo ele, também serve como um grito contra a censura e a criminalização de opiniões políticas divergentes, além de um apelo em favor do Estado Democrático de Direito.
Estão confirmadas as presenças de nomes relevantes da política conservadora nacional, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, o líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante, e o líder da legenda no Senado, Carlos Portinho. Também participam o senador Rogério Marinho, que lidera a oposição no Senado Federal, e o deputado federal Tenente-Coronel Zucco, representante do PL do Rio Grande do Sul, que atua como uma das vozes mais ativas contra o governo Lula na Câmara dos Deputados.
A estrutura do evento contará com dois trios elétricos, posicionados estrategicamente no cruzamento da Avenida Paulista com a Rua Peixoto Gomide, nas proximidades do Museu de Arte de São Paulo (Masp). Cada trio tem capacidade para acomodar cerca de 100 pessoas, entre autoridades, convidados e representantes de movimentos que apoiam a causa. O objetivo, segundo os organizadores, é garantir boa visibilidade e som potente para alcançar os manifestantes que estarão espalhados ao longo da avenida.
O clima de expectativa em torno do ato cresce à medida que se aproxima o horário marcado para seu início. Para muitos apoiadores, trata-se de uma oportunidade de reafirmar apoio ao ex-presidente Bolsonaro e de questionar o tratamento que tem sido dado aos que participaram das manifestações de 2023. Segundo os defensores da causa, as condenações foram desproporcionais, não observaram o devido processo legal e serviram como forma de intimidação política contra opositores do atual governo.
Por outro lado, o evento também provoca reações entre adversários políticos e analistas que consideram o protesto uma tentativa de reescrever os fatos do 8 de janeiro, minimizando a gravidade dos ataques e incentivando uma narrativa de vitimização. Desde o início de 2023, o Supremo Tribunal Federal tem conduzido julgamentos e condenado diversos envolvidos nos atos, com penas que ultrapassam 15 anos de prisão em alguns casos. As decisões da Corte são defendidas por seus integrantes como resposta necessária à tentativa de ruptura democrática.
Apesar da controvérsia, Bolsonaro tem mantido sua estratégia de mobilização das ruas como forma de fortalecer sua imagem e de pressionar o sistema político e judicial. Impedido de disputar eleições até 2030, o ex-presidente aposta na força popular como trunfo para influenciar os rumos do país e manter sua base engajada. A participação de líderes do PL e de governadores aliados demonstra que o ex-presidente ainda conserva capital político e continua a ser uma figura central no debate nacional.
A segurança do evento está sendo coordenada pela Polícia Militar do Estado de São Paulo, que deve mobilizar centenas de agentes para garantir a ordem e evitar confrontos. A prefeitura de São Paulo também acompanha os preparativos e anunciou interdições no tráfego de veículos na região da Paulista durante o período da manifestação. Até o momento, não foram registrados incidentes relacionados ao protesto, e a expectativa é de que o ato ocorra de forma pacífica, como têm ocorrido outras manifestações organizadas por apoiadores do ex-presidente nos últimos meses.
Com um discurso voltado à denúncia de perseguições, à defesa da liberdade e à crítica ao Judiciário, o evento na Paulista se insere num contexto mais amplo de disputas políticas que continuam moldando o cenário brasileiro. O movimento busca reacender o debate sobre os limites da atuação dos tribunais superiores, o papel da oposição e a liberdade de manifestação em um país ainda dividido após as últimas eleições presidenciais.