Líder do PT na Câmara diz que derrubada do IOF é inconstitucional

LIGA DAS NOTÍCIAS

O líder do Partido dos Trabalhadores na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (RJ), afirmou nesta sexta-feira, 27 de junho de 2025, que a aprovação do Projeto de Decreto Legislativo 314, que revoga integralmente o decreto do governo federal sobre o aumento do IOF, é inconstitucional e representa uma afronta direta ao poder regulamentar do Executivo. A declaração foi feita por meio de suas redes sociais, onde o parlamentar comunicou ter formulado uma questão de ordem no plenário da Câmara para questionar a legalidade da decisão tomada pela maioria dos deputados na sessão da última quarta-feira. A votação, que reuniu 383 votos favoráveis contra 98 contrários, surpreendeu até mesmo membros da oposição, dada a velocidade com que a matéria foi pautada e votada.


Segundo Lindbergh, o Congresso não possui prerrogativa legal para revogar decretos presidenciais que tratam da aplicação de alíquotas de tributos já previstos em lei, especialmente quando essas alterações fazem parte da execução da política econômica do governo. Para o deputado, a medida representa uma tentativa clara do Legislativo de interferir em uma competência exclusiva do Executivo, estabelecida de forma explícita na Constituição Federal. Ele argumenta que o presidente da República, amparado por seus ministros, tem a autoridade para editar decretos que ajustem as alíquotas dentro dos limites previamente aprovados pelo Congresso em leis específicas.


A polêmica em torno do IOF reacendeu o embate entre os Poderes e aprofundou o desgaste institucional entre o governo federal e o Congresso Nacional. A iniciativa de revogar o decreto foi articulada pelo presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), que levou o PDL à pauta em meio a um ambiente político de tensão crescente com o Palácio do Planalto. O governo foi pego de surpresa com a velocidade da votação e agora tenta reverter o resultado no Supremo Tribunal Federal, conforme já anunciado por integrantes do núcleo jurídico da Presidência.


A fala de Lindbergh ocorre no mesmo momento em que o presidente Lula se prepara para ingressar com uma ação direta de inconstitucionalidade no STF, com o objetivo de anular os efeitos da votação legislativa. Segundo interlocutores do Planalto, a argumentação jurídica será centrada na ideia de que o Legislativo extrapolou sua competência ao interferir na execução de políticas tributárias, o que viola o princípio da separação dos Poderes e compromete a estabilidade econômica do país. A ação, se acolhida pela Suprema Corte, poderá devolver ao governo o controle sobre o reajuste do IOF, uma ferramenta considerada essencial pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para a manutenção do equilíbrio fiscal.


Do lado do Congresso, a decisão de derrubar o decreto foi interpretada como um recado político ao Executivo, que tem enfrentado dificuldades na articulação com a base aliada. Deputados do centrão e da oposição argumentaram que o aumento do IOF penalizaria ainda mais a população, já sobrecarregada por tributos e pela crise econômica. Muitos parlamentares classificaram o reajuste como inoportuno e injustificável, especialmente em um momento de estagnação no crescimento e de elevação no custo de vida.


A resposta de Lindbergh à decisão da Câmara, no entanto, reflete o sentimento de indignação da ala petista, que vê no episódio mais um capítulo de desgaste intencional contra o governo Lula. Segundo ele, a derrubada do decreto é um movimento que faz parte de uma estratégia coordenada para inviabilizar a governabilidade e enfraquecer o projeto político eleito democraticamente. O líder do PT afirmou ainda que a bancada continuará mobilizada para defender os instrumentos legais que garantem ao Executivo a gestão da política econômica, e que a decisão final caberá ao STF, guardião da Constituição.


Enquanto a crise se desenrola, o ambiente político em Brasília segue tomado pela instabilidade. A iniciativa de Lindbergh de levar a discussão ao plenário da Câmara, somada à futura ação do governo junto ao Judiciário, aumenta ainda mais a temperatura entre os Três Poderes. O desfecho da disputa jurídica e institucional em torno do IOF poderá estabelecer um precedente importante sobre os limites da atuação do Congresso frente aos atos do Executivo. Até lá, a tensão entre Planalto e Parlamento promete continuar, com reflexos diretos sobre a agenda legislativa e a capacidade do governo de implementar suas políticas fiscais em um cenário já marcado por desafios econômicos e políticos.


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