Secretária de Anielle Franco pede demissão e detona governo Lula

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A comunicação do governo federal continua sendo alvo de críticas, mesmo após mudanças recentes no comando da área. A mais recente reclamação vem de Márcia Lima, ex-secretária de Políticas Afirmativas do Ministério da Igualdade Racial (MIR), que anunciou sua demissão nesta terça-feira (8) e fez duras críticas à forma como o governo divulga as ações dos seus ministérios. Em entrevista ao jornal "Folha de S.Paulo", Lima revelou que não vê problemas na comunicação interna do MIR, mas sim na comunicação do governo em relação ao ministério.


Lima, que agora assumirá a Diretoria de Estudos e Políticas Sociais no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), apontou que o governo tem dificuldades em divulgar adequadamente as iniciativas dos ministérios, especialmente no caso do MIR, onde trabalhou até sua saída. Segundo a ex-secretária, o principal problema não está na comunicação do ministério em si, mas na comunicação do governo federal sobre o que cada pasta está fazendo. Ela afirmou que a coordenação das ações entre os diversos ministérios é prejudicada pela grande quantidade de secretarias e áreas dentro do governo, o que acaba dificultando a transparência e a divulgação de ações importantes para a sociedade.


A crítica de Lima se estende ao fato de que, apesar do slogan "União e Reconstrução" adotado pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva, a comunicação não tem atendido a essa proposta de integração. Ela sugeriu que a complexidade da estrutura governamental tem impedido a criação de pautas transversais que envolvam múltiplos ministérios. Lima mencionou ainda que, para conseguir avançar em algumas iniciativas, precisou identificar os ministérios com os quais poderia dialogar, mas sempre com um "teto" de negociação e de construção de políticas comuns.


Em resposta às críticas, a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) se posicionou, afirmando que tem trabalhado para melhorar a integração e o alinhamento da comunicação entre os diferentes órgãos da administração pública. A Secom ressaltou que a principal missão da atual gestão é garantir a prestação de contas à população, com transparência sobre as ações do governo, políticas públicas em andamento e como essas ações impactam a vida dos cidadãos. A secretaria afirmou que, embora os ministros desempenhem o papel de porta-vozes, o protagonismo das ações está nas entregas e nos resultados concretos que o governo consegue alcançar.


A situação da comunicação do governo foi abordada de forma mais intensa após a troca no comando da Secom, realizada há três meses. Sidônio Palmeira assumiu a secretaria, substituindo o ex-ministro Paulo Pimenta, com o objetivo de melhorar a imagem do governo e responder às críticas constantes sobre a falta de clareza e eficiência na divulgação das ações governamentais. A mudança, segundo a Secom, visava justamente aprimorar a maneira como as políticas públicas são comunicadas ao público, buscando reduzir as falhas apontadas por membros do próprio governo e pela oposição.


Márcia Lima, por sua vez, não deixou de destacar a complexidade do cenário em que o governo se encontra. Com um grande número de ministérios e uma vasta estrutura burocrática, muitos dos quais com interesses e pautas divergentes, a comunicação se torna um desafio constante. A ex-secretária explicou que, muitas vezes, a falta de um alinhamento claro entre as diversas pastas e a dificuldade em estabelecer um diálogo eficaz entre elas são aspectos que contribuem para a sensação de que as ações governamentais não são bem divulgadas ou compreendidas pela população.


A saída de Lima não foi apenas uma mudança de cargo, mas também um indicativo de que, para que o governo federal alcance um nível mais elevado de transparência e clareza na comunicação com a sociedade, será necessário um esforço mais concentrado para superar as dificuldades impostas pela sua própria estrutura administrativa. A crítica à forma como a comunicação é feita nos altos escalões da política brasileira reflete uma preocupação crescente sobre como o governo consegue transmitir suas ações de maneira eficaz, especialmente em um momento em que a população busca informações claras e diretas sobre os impactos das políticas públicas em seu cotidiano.


Ainda que o governo tenha tentado ajustar suas estratégias de comunicação, a resistência a algumas das mudanças propostas, juntamente com as críticas internas de figuras como Márcia Lima, sinalizam que o processo de melhorar a comunicação governamental será gradual e repleto de desafios. Resta saber até que ponto essas críticas serão levadas em consideração para que, no futuro, a comunicação do governo consiga transmitir de forma mais eficaz o que está sendo feito para melhorar a vida dos cidadãos brasileiros.

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