O deputado do Partido Novo expressou preocupação com o que considera uma crescente politização da Polícia Federal, apontando para a existência de duas forças distintas atuando dentro da corporação. De um lado, estariam agentes comprometidos com a autonomia e o combate técnico à corrupção; do outro, uma ala que, segundo ele, estaria subordinada a interesses do governo federal. Essa divisão, afirmou, compromete seriamente a credibilidade da instituição e levanta suspeitas de interferência política em decisões operacionais.
As críticas de van Hattem miraram diretamente o diretor-geral Andrei Rodrigues, a quem classificou como um nome alinhado ao Palácio do Planalto e incapaz de manter a neutralidade exigida pelo cargo. O parlamentar afirmou que Rodrigues não reúne as qualificações técnicas e institucionais necessárias para comandar a Polícia Federal, e que sua atuação pública revela uma postura mais próxima de um defensor do governo do que de um gestor imparcial. Para van Hattem, essa postura enfraquece a imagem da PF e a transforma em uma ferramenta política, algo incompatível com a natureza da instituição.
Durante os momentos mais intensos da audiência, Lewandowski foi instado a responder a perguntas diretas sobre eventuais interferências do Executivo nas ações da PF, mas suas respostas foram consideradas vagas e evasivas por analistas e parlamentares presentes. O ministro demonstrou desconforto com os questionamentos, evitou posicionamentos firmes e desviou do cerne das acusações, o que aumentou a percepção de que há algo a ser escondido ou, no mínimo, mal explicado.
Van Hattem também citou declarações recentes de Andrei Rodrigues à imprensa, que, em sua avaliação, denotam descontrole e excesso de preocupação com a imagem do governo. O parlamentar classificou as falas como inadequadas, acusando o diretor de se portar como um militante político ao invés de um servidor público de alto escalão. Segundo ele, esse comportamento é especialmente perigoso em um momento em que a confiança da população nas instituições está abalada, e que qualquer sinal de aparelhamento político pode minar ainda mais a credibilidade da Polícia Federal.
O clima na audiência foi de tensão constante, e a postura firme de van Hattem evidenciou o papel da oposição em questionar decisões do governo que possam comprometer o funcionamento autônomo das instituições. Para o deputado, o silêncio ou a hesitação diante de questões críticas reforça a narrativa de que há, de fato, uma tentativa de moldar o trabalho da Polícia Federal conforme os interesses do Executivo, algo que, se confirmado, representaria uma grave ameaça ao equilíbrio dos poderes e à democracia brasileira.
Embora Lewandowski tivesse a chance de dissipar dúvidas e reafirmar o compromisso do Ministério da Justiça com a imparcialidade, sua conduta foi interpretada como um recuo diante das pressões. Isso gerou frustração entre parlamentares e setores da sociedade que acompanham com preocupação os desdobramentos envolvendo a cúpula da segurança pública no país. O ministro, ao não enfrentar diretamente as acusações, acabou contribuindo para o fortalecimento da narrativa de que o governo busca controlar órgãos de Estado.
O episódio também reacende o debate sobre os limites entre Estado e governo na gestão de instituições fundamentais como a Polícia Federal. A politização dessas estruturas não apenas compromete investigações sensíveis como também permite o uso estratégico do aparato estatal para interesses eleitorais ou partidários. Em sua fala, van Hattem lembrou que a independência das instituições deve ser preservada a qualquer custo, especialmente quando há sinais de interferência externa que coloquem em xeque sua legitimidade.
A atuação do deputado foi interpretada por aliados como um gesto de coragem e responsabilidade institucional, ao passo que críticos do governo viram na audiência uma oportunidade perdida por parte do ministro de esclarecer os fatos. Em um momento em que o país se encontra polarizado, episódios como esse reforçam a importância do debate público transparente e da fiscalização constante por parte do Legislativo.
No fim das contas, a audiência serviu como um retrato do atual embate entre governo e oposição em torno do controle das instituições de Estado. Enquanto Marcel van Hattem saiu fortalecido entre seus apoiadores por ter cumprido seu papel fiscalizador, Lewandowski deixou o plenário sob uma nuvem de desconfiança e críticas. O Brasil, por sua vez, segue acompanhando com atenção o desenrolar de uma crise institucional que pode ter desdobramentos profundos nos próximos meses.