Glauber Braga passa a noite no chão da Câmara após cassação

LIGA DAS NOTÍCIAS

O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) iniciou, na noite desta quarta-feira (9), um ato de protesto inusitado e dramático no plenário 5 da Câmara dos Deputados, onde passou a noite deitado no chão. A ação marca o começo de sua resistência contra a decisão do Conselho de Ética, que recomendou a cassação de seu mandato por 13 votos a 5. A decisão, ainda passível de recurso, provocou forte reação do parlamentar, que também anunciou uma greve de fome por tempo indeterminado.


Segundo Glauber, ele permanecerá nas dependências do Congresso Nacional até que todo o processo seja concluído. Determinado, afirmou que não se alimentará até que a votação final ocorra. Ainda na manhã desta quinta-feira (10), o deputado declarou estar há mais de 24 horas ingerindo apenas líquidos e reforçou sua intenção de seguir até as últimas consequências. Para ele, o processo de cassação é fruto de uma perseguição política liderada pelo ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), a quem acusa de atuar nos bastidores para retirá-lo do mandato. Glauber também citou o Movimento Brasil Livre (MBL) como parte interessada na situação, referindo-se a seus integrantes como “sócios minoritários” do que chamou de manobra política.


O processo que pode tirar Glauber do cargo foi aberto em 2024, após um episódio ocorrido em abril daquele ano, quando ele expulsou aos chutes o influenciador Gabriel Costenaro, ligado ao MBL, da Câmara dos Deputados. O motivo da agressão, segundo o deputado, foi uma série de provocações feitas por Costenaro, que envolviam sua mãe, Saudade Braga, ex-prefeita de Nova Friburgo (RJ), que estava gravemente doente na época e faleceu pouco depois do incidente. O caso gerou intensa repercussão e acabou se tornando o estopim para a abertura do processo disciplinar.


Glauber ainda pode manter o mandato enquanto os trâmites seguem, pois a decisão do Conselho de Ética não é definitiva. Agora, o caso segue para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde poderá ser mantida ou revertida a decisão. Caso a CCJ mantenha o parecer, o processo será então encaminhado ao plenário da Câmara, onde são necessários 257 votos favoráveis para que a cassação se concretize. Até lá, o deputado promete não recuar.


Essa é a segunda vez nesta legislatura que o Conselho de Ética aprova a cassação de um deputado. O primeiro caso envolveu Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), acusado de ser o mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Preso preventivamente há mais de um ano, Brazão ainda mantém o mandato parlamentar, já que o processo contra ele não foi votado pelo plenário.


Durante a votação do processo contra Glauber, apenas um parlamentar, Gutemberg Reis (MDB-RJ), votou contra a cassação. O relator do caso, Paulo Magalhães (PSD-BA), optou por se abster. Glauber, por sua vez, tem usado suas redes sociais para reforçar sua narrativa de resistência. Em publicações recentes, ele afirma que não aceitará ser derrotado por forças que, segundo ele, representam os interesses do orçamento secreto e de práticas políticas questionáveis.


A atitude de Glauber chamou atenção nos corredores do Congresso e gerou reações divididas entre parlamentares. Enquanto aliados o veem como símbolo de resistência, críticos o acusam de transformar o Parlamento em palco de espetáculo pessoal. O próprio espaço em que decidiu permanecer, o plenário 5, é geralmente utilizado para reuniões e votações de comissões, e não para ações como a que o deputado está promovendo. Mesmo assim, ele insiste em continuar ali até que o caso seja encerrado de forma definitiva.


Embora ainda não haja uma data definida para a próxima etapa do processo, a expectativa é de que a CCJ avalie o caso nas próximas semanas. Até lá, Glauber Braga deve manter seu protesto, insistindo que sua cassação seria uma injustiça motivada por disputas políticas e não por critérios éticos legítimos. O desfecho da situação pode ter impacto direto não apenas na sua carreira política, mas também nas tensões internas da Câmara dos Deputados, que se vê mais uma vez em meio a um embate polarizado e marcado por fortes emoções.

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