Segundo Bolsonaro, a presença de Zambelli armada naquela situação foi um fator que favoreceu seus adversários políticos, especialmente aqueles que não apoiavam o seu governo. O ex-presidente destacou que o episódio, ocorrido na véspera das eleições de 2022, foi um erro grave da deputada, mas que a condenação que ela enfrenta agora é desproporcional. “Ela não devia estar armada, meu Deus do céu, isso foi excelente para quem não gosta de mim”, afirmou Bolsonaro, sugerindo que o episódio foi usado contra ele no cenário político.
A condenação de Zambelli pelo STF é resultado de uma perseguição armada que ocorreu pouco antes das eleições de 2022. O caso envolveu a deputada, que ao se deparar com o jornalista Luan Araújo, armado, o seguiu pelas ruas. Este comportamento de Zambelli gerou grande repercussão e foi amplamente debatido nos meios políticos e na mídia. O Supremo Tribunal Federal, após uma série de discussões, formou maioria para condenar a deputada, com seis dos onze ministros votando a favor da punição. A decisão de condená-la foi um reflexo da gravidade da atitude tomada pela parlamentar, que pode resultar em uma pena de até cinco anos e três meses de prisão, além da perda do mandato.
No mesmo dia em que Bolsonaro se pronunciou sobre o caso de Zambelli, ele também teve um novo capítulo de sua própria trajetória política. O ex-presidente se tornou réu em um inquérito relacionado à tentativa de golpe de Estado ocorrida em 2022. A 1ª Turma do STF aceitou, por unanimidade, a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro. A inclusão do nome do ex-presidente nesse processo ocorre em meio à crescente tensão política no Brasil, e a resposta de Bolsonaro a esse desenvolvimento foi clara. Ao comentar a situação, o ex-presidente afirmou que, apesar das acusações, ele não se considera derrotado e que continua a ser uma figura popular entre os brasileiros, ressaltando que, na sua visão, o povo ainda o apoia.
A polêmica envolvendo Zambelli e o julgamento no STF se desenrola em um momento delicado para o Brasil, especialmente considerando as discussões sobre o impacto das ações de figuras políticas no cenário eleitoral e institucional. O Supremo, que já tem maioria para a condenação da deputada, ainda deve concluir o julgamento. A decisão, que foi interrompida no início desta semana após o pedido de vista do ministro Nunes Marques, possui um placar parcial de 6 a 0 em favor da condenação e cassação do mandato de Zambelli. Isso reflete a força da posição do STF em relação a essa conduta considerada gravíssima para a democracia e para o equilíbrio das instituições políticas.
Por enquanto, o futuro de Carla Zambelli está em jogo, com a possibilidade de perder seu cargo como deputada e ser sentenciada a cumprir pena em regime fechado, caso a sentença se concretize. A deputada tem o direito de recorrer da decisão, mas a situação é tensa, e a pressão sobre ela cresce a cada novo passo do julgamento. A postura de Bolsonaro, ao defender Zambelli e, ao mesmo tempo, reconhecer o erro de sua atitude, mostra uma tentativa de mitigar o impacto dessa condenação no campo político, ao mesmo tempo em que faz uma autocrítica velada sobre o episódio e suas repercussões nas eleições de 2022.
Este caso, que envolve figuras de destaque do cenário político brasileiro, como o ex-presidente Bolsonaro e a deputada Zambelli, segue sendo um reflexo das divisões e tensões que permeiam o ambiente político do Brasil nos últimos anos. A decisão do STF, que pode resultar em uma sentença severa para Zambelli, coloca mais uma pedra no caminho de uma política marcada por acusações, disputas e reviravoltas judiciais que continuam a moldar o futuro do país. A forma como essas questões serão resolvidas pode ter impactos duradouros na forma como o Brasil lida com a relação entre o poder judiciário e os representantes políticos.