No entanto, a mulher, que permanece presa desde março de 2023 por ordem de Moraes, apresentou uma carta em que expressa arrependimento pelo ato, atribuindo a pichação a um erro cometido "no calor do momento". Em sua mensagem, Débora conta que não tinha intenção de prejudicar a imagem da Justiça ou do Estado Democrático de Direito e que seu ato foi impensado. Ela descreve como foi tomada pela emoção durante o ato e detalha o ocorrido, afirmando que não sabia da importância simbólica da estátua e que jamais teria cometido o ato se tivesse conhecimento de seu valor.
Débora se encontra em reclusão desde março de 2023, quando foi presa preventivamente por decisão de Moraes. Ela revelou em sua carta que durante esse período de detenção, perdeu importantes momentos ao lado de seus filhos pequenos. A cabeleireira relatou que os dois filhos, Caio e Rafael, enfrentam grande sofrimento devido à sua ausência e passam por acompanhamento psicológico. Ela descreve os sentimentos de culpa e dor que essa separação lhe causou, destacando que os filhos choram todos os dias pela falta dela.
Em seu apelo ao ministro, Débora pede desculpas pelo ato de vandalismo e enfatiza que sua intenção nunca foi ferir as instituições do país. Ela conta que não tinha conhecimento sobre a relevância política da manifestação e que, embora tenha participado do protesto, não entrou nos prédios dos Três Poderes. Além disso, afirmou que a frase pichada na estátua não foi um ato de desrespeito deliberado, mas uma reação impulsiva diante do momento, que envolvia grandes tensões políticas.
A mulher afirma, ainda, que se arrepende profundamente da atitude, considerando-a uma "vergonha" e algo que não a representa. Ela expressa o desejo de voltar à sua vida simples e pacata ao lado de sua família e reitera que, se soubesse da importância da estátua, jamais teria cometido tal ato. A carta de Débora foi escrita em tom de sinceridade e apelo, esperando que seu arrependimento fosse considerado na decisão judicial. A mulher também comentou sobre sua aversão à política, deixando claro que sua experiência no processo a fez perder qualquer entusiasmo com o cenário político do país.
A defesa de Débora argumenta que o erro cometido foi fruto de uma falta de discernimento devido ao momento de grande tensão política e que sua atitude não refletiu suas convicções pessoais. A defesa ainda ressaltou que, como uma pessoa sem conhecimento profundo de política, ela não teve a intenção de desrespeitar o STF ou o sistema jurídico do Brasil. Débora relatou que, ao ser convidada por um homem desconhecido para terminar a frase na estátua, não soube reagir de forma adequada, o que contribuiu para o seu erro.
O caso de Débora Rodrigues dos Santos é emblemático, pois reflete o clima de radicalização vivido pelo Brasil no período pós-eleições de 2022. Ela se juntou aos protestos que marcaram os eventos de 8 de janeiro, mas sua participação foi, segundo ela, motivada pelo desejo de ser ouvida em um momento de grande polarização política. A repercussão do caso ganhou ainda mais visibilidade quando a carta foi tornada pública, mostrando um lado mais humano da mulher acusada de vandalismo, mas também evidenciando as tensões políticas que marcaram aquele período.
Agora, com o sigilo da carta retirado, o caso seguirá seu curso no STF. O julgamento de Débora está em análise na Primeira Turma do Supremo, e o caso ainda depende de decisão sobre a sua pena. O ministro Luiz Fux, que pediu vista do processo, suspendeu a análise, deixando a expectativa para a próxima movimentação no caso. O destino de Débora dependerá da interpretação dos ministros do STF, que terão de ponderar entre o ato cometido e o arrependimento expresso pela acusada.