Pereira argumentou que a proposta, que tem ganhado apoio de setores do Congresso, apresenta um "favoritismo" dentro de seu próprio partido, o Republicanos, e que não seria apropriado discutir esse projeto neste momento. Para ele, o foco deveria ser em outros assuntos mais urgentes. Essas declarações não foram bem recebidas por Silas Malafaia, que reagiu com veemência, considerando-as uma grande vergonha. Em um vídeo publicado em suas redes sociais, o pastor criticou duramente o deputado, acusando-o de se distanciar da causa de pessoas que, segundo ele, foram injustamente condenadas após os acontecimentos de janeiro.
Malafaia, que tem sido uma figura influente dentro da comunidade evangélica e em debates políticos no Brasil, não poupou palavras ao se referir à posição de Pereira sobre a anistia. Para ele, a medida, que beneficiaria principalmente pessoas que não teriam tido envolvimento direto nos atos violentos, é uma questão de justiça. Ele argumentou que o projeto de anistia não visa proteger criminosos perigosos ou militantes de movimentos violentos, como guerrilheiros e outros criminosos que foram anistiados no passado. "Você dizer que é contra o projeto da anistia, onde tem mulheres, idosas, avós, donas de casa que pegaram penas pesadas, é uma vergonha", disparou Malafaia, fazendo uma comparação com anistias concedidas a pessoas envolvidas em atos de extrema violência no passado, como guerrilheiros de décadas anteriores.
O pastor foi além, acusando a esquerda de agir sem caráter, destacando que, historicamente, foi ela quem lutou pela anistia de figuras envolvidas em atividades de terrorismo e violência no passado, como guerrilheiros e sequestradores. Essa comparação visava, segundo Malafaia, sublinhar o paradoxo de uma esquerda que, em seu entendimento, teria defendido a liberdade para criminosos, mas estaria contra a liberdade para as pessoas que, segundo ele, foram condenadas de maneira injusta após os episódios de janeiro. Malafaia reforçou sua posição ao declarar que a anistia não deveria ser estendida a quem praticou atos violentos e criminosos, mas sim para pessoas que, na sua opinião, seriam inocentes de qualquer ato de violência, mas ainda assim haviam sido severamente punidas pelo sistema judicial.
Além disso, o pastor fez um apelo aos demais políticos que pertencem ao Republicanos, o partido de Marcos Pereira, para que se manifestassem contra a postura do deputado, caso não concordassem com sua opinião. Ele sugeriu que aqueles que discordassem da posição de Pereira sobre a anistia ou sua postura política em relação aos eventos de janeiro deveriam deixar o partido. Essa declaração, no entanto, expõe a crescente divisão dentro do cenário político e religioso, com algumas lideranças evangélicas mais conservadoras se distanciando de figuras do próprio campo religioso que adotam posições que consideram incompatíveis com os princípios defendidos por eles.
Silas Malafaia tem sido uma figura polarizadora no Brasil, com forte presença nas redes sociais e na mídia, frequentemente se posicionando sobre questões políticas e sociais. Sua crítica a Marcos Pereira ocorre em um momento de intensos debates no Brasil sobre a anistia e os eventos de janeiro, e reflete a divisão de opiniões dentro da base evangélica, que tem se mostrado cada vez mais engajada nas questões políticas do país. O posicionamento de Malafaia, de criticar a postura de Pereira, evidencia a complexidade do cenário atual, onde figuras religiosas se envolvem cada vez mais em assuntos que transcendem a esfera espiritual e tocam diretamente nas questões políticas e sociais do Brasil.
Este episódio ilustra a tensão dentro do espectro político e religioso brasileiro, especialmente em tempos em que questões de justiça, liberdade política e responsabilidades individuais estão sendo intensamente discutidas. A discussão sobre o projeto de anistia será, sem dúvida, um dos temas centrais nas próximas semanas, com figuras como Malafaia e Pereira se posicionando de formas opostas, mas ambos buscando influenciar a opinião pública e a política do país.