O pedido foi analisado pelo plenário virtual do STF, com o presidente da Corte, ministro Luís Roberto Barroso, se manifestando contra a solicitação e pedindo também que Zanin se pronunciasse sobre a questão. O ministro Cristiano Zanin, por sua vez, afirmou estar apto a participar do julgamento, mesmo com as alegações de conflito de interesse. A defesa de Bolsonaro sustentou que Zanin havia se declarado impedido em um outro caso, que envolvia as eleições de 2022, o que, segundo os advogados, caracterizaria uma possível parcialidade no julgamento atual.
Em sua manifestação, Barroso colocou o pedido de impedimento de Zanin na pauta do plenário virtual, permitindo que os demais ministros do STF se pronunciassem sobre a questão. O julgamento teve início nesta quarta-feira, 19 de março, e seguiu o rito eletrônico, com os ministros votando de forma remota. Com o resultado final, a maioria dos ministros rejeitou a tese de impedimento, permitindo que Zanin seguisse no julgamento da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), que será apreciada pela Primeira Turma da Corte nos próximos dias 25 e 26 de março.
O caso em questão envolve a denúncia da PGR sobre a tentativa de golpe de Estado de 2022, que, segundo as investigações, envolveu diversas figuras políticas e instituições do país, incluindo membros do governo de Bolsonaro. A Primeira Turma do STF, composta por cinco ministros, será responsável por julgar o caso, com Zanin presidindo a turma. Além dele, os ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Luiz Fux também fazem parte dessa composição.
A solicitação de impedimento de Zanin fez parte de uma série de contestações apresentadas pela defesa de Bolsonaro, que questiona a imparcialidade de alguns ministros da Corte em processos relacionados ao ex-presidente. Outros ministros, como Moraes e Dino, também foram alvo de pedidos de afastamento, mas, até o momento, nenhum desses pedidos foi aceito pelo STF. A PGR, inclusive, se manifestou contrária a esses pedidos, argumentando que não havia fundamentos legais suficientes para justificar a remoção de qualquer um dos ministros envolvidos no julgamento.
O caso em questão, que trata da tentativa de golpe de Estado, tem gerado grande atenção pública, dada a gravidade das acusações e a presença de figuras políticas de alto escalão envolvidas. O julgamento da denúncia será realizado em um momento de grande tensão política, com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva e aliados tentando enfrentar os desdobramentos das investigações. A decisão do STF sobre a permanência de Zanin no caso pode ter um impacto significativo no andamento das investigações e no futuro de Bolsonaro e seus aliados.
Ao longo das últimas semanas, o STF tem adotado medidas de segurança rigorosas para garantir a integridade do julgamento. O tribunal já anunciou um reforço no esquema de segurança, com a presença da Polícia Militar e medidas para evitar ataques cibernéticos que possam interferir no processo. O julgamento também contará com a implementação de um sistema de segurança adicional para evitar qualquer tipo de ameaça ou intimidação contra os envolvidos no caso.
O desfecho desse processo pode afetar diretamente a imagem pública de Bolsonaro, especialmente considerando o momento político em que o ex-presidente se encontra, com uma série de investigações ainda em andamento. Além disso, a decisão do STF de manter Zanin no caso também pode ter repercussões dentro da Corte, com algumas figuras políticas e jurídicas observando atentamente como o tribunal lida com pedidos de impedimento e com a imparcialidade de seus membros.
A próxima semana será crucial para os desdobramentos do julgamento, com a PGR aguardando o veredicto da Primeira Turma sobre as acusações relacionadas à tentativa de golpe. O STF, por sua vez, seguirá acompanhando de perto as manifestações políticas e jurídicas que possam surgir em torno do caso, mantendo a postura de transparência e rigor no julgamento de questões tão sensíveis para a democracia brasileira.