Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro reagiram com críticas à condução do julgamento de um caso na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), argumentando que a postura dos ministros tem uma forte carga política. O julgamento em questão envolveu questões sensíveis para o ex-presidente e seu círculo político, gerando uma forte mobilização de seus apoiadores, que veem nas decisões da Corte um viés de perseguição ao ex-presidente e seus aliados.
O julgamento, que tratava de um processo relacionado a atos praticados durante o mandato de Bolsonaro, foi acompanhado de perto por parlamentares e líderes políticos do campo bolsonarista. Para esses aliados, a condução do caso no STF não seria puramente técnica, mas sim influenciada por questões partidárias e ideológicas. Em suas manifestações, esses aliados acusaram os ministros de adotarem um comportamento politizado, que comprometeria a imparcialidade do julgamento.
A crítica se intensificou a partir das declarações feitas por alguns ministros durante as sessões de julgamento. Alguns aliados de Bolsonaro interpretaram certas falas como uma tentativa de influenciar a opinião pública e de desqualificar o ex-presidente, sem levar em consideração as evidências do caso de forma objetiva. Para os bolsonaristas, a atitude da Corte refletiria um quadro de judicialização da política, em que o Supremo se tornaria um protagonista nas disputas entre os poderes, ao invés de atuar de maneira equilibrada e conforme a Constituição.
Além das críticas à postura dos ministros da Primeira Turma, a oposição bolsonarista também questionou a forma como a mídia abordou o julgamento. Muitos aliados de Bolsonaro consideram que a cobertura da imprensa é tendenciosa, buscando reforçar uma narrativa de criminalização do ex-presidente e seus apoiadores. Para eles, o STF tem sido usado como uma ferramenta política para tentar desestabilizar o governo de Bolsonaro, que mesmo fora do poder continua sendo uma figura central na política brasileira.
A avaliação de que o julgamento tinha um tom político também foi reforçada por algumas declarações de políticos da base bolsonarista. Esses líderes apontaram que o STF, em diversas ocasiões, tem adotado um comportamento que não se limita à análise técnica dos fatos, mas busca interferir nas decisões do Congresso e do Executivo. De acordo com esses aliados, o STF tem se mostrado cada vez mais como um ator político, distorcendo o papel originalmente atribuído ao Judiciário na separação dos poderes.
Ao longo dos últimos anos, a relação entre o ex-presidente e o Supremo Tribunal Federal foi marcada por desentendimentos públicos. Bolsonaro frequentemente acusou a Corte de ser parcial em suas decisões, especialmente em momentos em que o governo e o Judiciário estavam em confronto direto, como nas discussões sobre a pandemia de Covid-19 e os ataques ao sistema eleitoral. As críticas à Primeira Turma do STF, portanto, não são novidade, mas se intensificaram conforme os processos envolvendo Bolsonaro e seus aliados avançaram.
A aliança entre Bolsonaro e seu eleitorado também tem se sustentado em críticas recorrentes à atuação do Judiciário, especialmente do STF, que muitos interpretam como uma forma de resistência ao ex-presidente, mesmo após o fim de seu mandato. Para seus aliados, a atuação do Supremo é vista como um reflexo de um sistema político que não aceita o estilo de governança de Bolsonaro e de seu movimento. Eles acreditam que o Supremo, em suas decisões, não só busca justiça, mas também um enfraquecimento da base política que Bolsonaro construiu durante sua presidência.
Essas críticas não se limitam ao ambiente político. Nas redes sociais, apoiadores de Bolsonaro têm compartilhado diversos conteúdos que reforçam a ideia de que o Supremo está agindo de forma inadequada, tentando controlar o cenário político e judicializar as disputas entre o governo e a oposição. A disseminação dessas narrativas tem sido rápida, e muitos aliados do ex-presidente afirmam que o poder Judiciário tem extrapolado suas funções, gerando um ambiente de insegurança jurídica no país.
Os ministros da Primeira Turma do STF, por sua vez, têm defendido que suas decisões estão sendo tomadas com base na Constituição e nos princípios do Estado de Direito, argumentando que o Judiciário não pode ser influenciado por pressões políticas, sejam elas internas ou externas. Contudo, a percepção entre os aliados de Bolsonaro de que o STF está agindo de forma politizada continua a crescer, refletindo o clima de polarização que marca a política brasileira desde os últimos anos do governo do ex-presidente.
Esse cenário não deve se resolver tão cedo, pois a tensão entre o ex-presidente e o Supremo permanece, e com a chegada das eleições presidenciais de 2026, o papel do STF e de seus ministros no cenário político nacional provavelmente continuará sendo um tema de grande debate e controvérsia. Até lá, a crítica de aliados de Bolsonaro sobre o julgamento na Primeira Turma do STF parece ser um reflexo de uma disputa maior, em que o Judiciário e a política se entrelaçam de forma cada vez mais visível e tensa.