Bolsonaro diz que facilitaram a entrada no 8 de janeiro

LIGA DAS NOTÍCIAS



Em sua primeira manifestação pública após ser oficialmente réu pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que a entrada dos invasores ao Palácio do Alvorada, durante os eventos de 8 de janeiro de 2023, foi facilitada. A declaração foi feita nesta terça-feira, 26, em uma entrevista onde o ex-presidente se defendeu das acusações que pesam sobre ele. Bolsonaro fez a afirmação em meio ao contexto de sua defesa, ressaltando que o local onde ocorriam os incidentes, conhecido por abrigar a residência presidencial, estava protegido por um número significativo de militares armados, mas, segundo ele, esses mesmos militares não estavam presentes ou não tomaram ações para impedir a entrada dos invasores. "Dormem aqui embaixo por volta de 60 militares armados. Alguém viu algum soldado armado nesse dia? Facilitaram a entrada deles. Não resta dúvida", disse Bolsonaro, sugerindo que as forças de segurança presentes na ocasião foram complacentes em relação aos acontecimentos.


A crítica do ex-presidente se estendeu também à cobertura da mídia brasileira sobre o episódio. Bolsonaro acusou parte da imprensa de manipular a narrativa ao exibir apenas uma imagem específica, que mostrava um dos invasores usando uma camiseta com o rosto dele, enquanto destruía um objeto no Palácio do Alvorada, e argumentou que isso distorcia o contexto das manifestações de apoio a seu governo. Além disso, ele se queixou sobre a cobertura de sua manifestação no dia 16 de janeiro, quando ele convocou um ato político que, segundo a mídia, teria "flopado", ou seja, fracassado. No entanto, Bolsonaro rebateu essa crítica, afirmando que 3,5 milhões de pessoas acompanharam o evento de forma remota, por meio das redes sociais.


O ex-presidente também aproveitou a oportunidade para se defender de acusações de que estaria sendo alvo de uma perseguição política, em especial por parte do ministro Alexandre de Moraes, do STF. Bolsonaro reiterou que a sua acusação e o processo judicial que enfrentava não eram fundamentados, mas sim movidos por um desejo pessoal de vingança de certos integrantes da Justiça. Em relação a Moraes, Bolsonaro declarou que tentou um diálogo para resolver as divergências com o ministro, alegando ter convidado o magistrado para uma reunião com embaixadores, mas, segundo ele, Fachin recusou o convite. Essa afirmação gerou novas discussões sobre o relacionamento entre o ex-presidente e membros da mais alta corte do país.


O ex-mandatário aproveitou a ocasião para reafirmar sua inocência e garantir que as investigações e acusações feitas contra ele são infundadas. Para Bolsonaro, não há elementos concretos que comprovem sua responsabilidade nos eventos de 8 de janeiro ou em qualquer outro incidente relacionado à sua gestão. Em seu discurso, ele afirmou que a perseguição a ele é parte de um esforço maior para tentar desgastar sua imagem e impedir seu retorno ao poder, principalmente com o objetivo de mantê-lo fora das próximas eleições.


O ex-presidente também abordou a sua condenação de inelegibilidade imposta pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2023, um tema que ainda gera bastante repercussão. Bolsonaro alegou que sua condenação foi fruto de uma decisão política e que a justiça eleitoral teria se alinhado a interesses políticos contrários ao seu governo. Sua inelegibilidade, na visão do ex-presidente, é uma tentativa de barrá-lo na disputa política futura. No entanto, ele se disse confiante de que sua inocência será reconhecida e que a verdade prevalecerá.


Em um cenário mais amplo, a tensão entre Bolsonaro e os ministros do STF tem sido um dos pontos centrais das discussões políticas desde o final de seu mandato. A relação do ex-presidente com a corte suprema tem sido marcada por conflitos, principalmente após os eventos de 8 de janeiro, quando grupos radicais invadiram as sedes dos Três Poderes em Brasília. A investigação sobre esses atos de vandalismo, que envolvem suspeitas de incitação por parte de Bolsonaro e outros aliados políticos, continua em andamento, com a oposição acusando o ex-presidente de ser um dos responsáveis indiretos pelo que ocorreu.


Apesar das críticas feitas à mídia e ao sistema de justiça, Bolsonaro parece seguir buscando apoio entre seus seguidores e tentando se distanciar das acusações legais, apresentando-se como vítima de uma trama política. Sua defesa continua a ser sustentada pelo discurso de que sua posição é alicerçada na verdade e na justiça, embora seus opositores argumentem que suas ações, tanto antes quanto após os eventos de janeiro, indicam um esforço claro para minar o Estado de Direito e enfraquecer as instituições democráticas do Brasil.


O futuro político de Bolsonaro segue indefinido, mas as questões legais que envolvem sua figura pública certamente continuarão a ser um ponto de grande disputa nos próximos meses, enquanto ele tenta consolidar sua base de apoio e se reerguer politicamente.

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