O senador Ciro Nogueira ironizou a declaração, afirmando que, segundo o governo, os brasileiros deveriam parar de comer para reduzir a inflação. A deputada Carol De Toni também atacou Lula, dizendo que ele estava culpando a própria população pelo aumento dos preços. O ex-presidente Jair Bolsonaro compartilhou o vídeo da fala, reforçando as críticas ao atual governo.
O Palácio do Planalto tenta conter os danos da declaração, especialmente em um momento em que pesquisas apontam crescimento da reprovação ao governo. A mais recente pesquisa da Quaest mostra que a desaprovação a Lula atingiu 49%, superando pela primeira vez a aprovação, que ficou em 47%. A estratégia para recuperar a imagem do presidente inclui maior exposição midiática e mais discursos públicos, sob a coordenação do ministro Sidônio Palmeira, da Secretaria de Comunicação.
A crise do aumento dos alimentos não é o único problema recente enfrentado pelo governo. A revogação de uma norma da Receita Federal sobre monitoramento de transações via Pix ocorreu após forte pressão popular e da oposição. Outro desgaste veio da sugestão de mudança na exibição da validade dos alimentos, ideia proposta pelo setor supermercadista, mas associada ao governo e explorada politicamente.
Para tentar reverter a situação econômica, o governo aposta em uma supersafra agrícola prevista para este ano, evitando medidas mais drásticas, como tabelamento de preços. No entanto, analistas apontam que a crise inflacionária pode continuar impactando a popularidade do presidente, especialmente entre as camadas mais pobres da população.
Lula voltou às agendas públicas após um período de afastamento devido a problemas de saúde. Ele participou da reabertura da emergência do Hospital Federal de Bonsucesso, no Rio de Janeiro, reforçando a necessidade de investimentos na saúde pública. No entanto, as dificuldades econômicas e a insatisfação crescente continuam sendo desafios centrais para sua gestão.
A oposição, por sua vez, vê na situação uma oportunidade para desgastar o governo e fortalecer seu discurso contra a condução econômica do país. As redes sociais se tornaram o principal campo de batalha, onde críticas e ironias são amplificadas e ganham grande alcance. Enquanto o governo tenta reforçar sua comunicação para conter os danos, a pressão política segue aumentando.
O cenário indica que os próximos meses serão decisivos para a popularidade de Lula e para o andamento de seu governo. A maneira como o Planalto lidará com a crise econômica e as críticas pode definir os rumos políticos do país nos próximos anos.