A proximidade da eleição presidencial de 2026 começa a movimentar o cenário político, especialmente dentro da direita, que busca alternativas para ocupar a cadeira deixada por Jair Bolsonaro. Com a inelegibilidade do ex-presidente, que está impedido de concorrer devido a uma série de questões jurídicas, a disputa pela presidência se abre para novos nomes. Nesse contexto, um dos nomes que ganhou destaque recentemente é o de Pablo Marçal, empresário e político do PRTB, partido pelo qual ele já disputou a Prefeitura de São Paulo em 2024.
Marçal, conhecido por suas posições polêmicas e por uma retórica radical, já se posicionou publicamente a favor de sua candidatura ao Palácio do Planalto nas próximas eleições. A decisão do empresário de seguir pelo PRTB, partido pelo qual concorreu à Prefeitura de São Paulo, não chega a ser uma surpresa, já que ele tem demonstrado disposição para se manter no campo político e seguir construindo sua imagem no cenário nacional. Embora seja um nome relativamente novo para o grande público, Marçal já demonstrou possuir um discurso afiado e uma visão de política bem definida, características que o tornam uma figura controversa, mas ao mesmo tempo, uma opção a ser considerada dentro da direita brasileira.
O empresário, que já esteve alinhado com Jair Bolsonaro no passado, chegou a apoiar publicamente o ex-presidente durante as eleições de 2022, sendo visto como um aliado importante dentro da polarização política que dominou aquele pleito. No entanto, após as eleições, a relação entre os dois esfriou. Bolsonaro, em sua estratégia para a eleição municipal de 2024, optou por apoiar Ricardo Nunes, do MDB, para a reeleição à Prefeitura de São Paulo, o que acabou afastando Marçal do ex-presidente. A partir desse momento, o empresário começou a se distanciar das figuras tradicionais do bolsonarismo, colocando-se como uma alternativa própria para o futuro da direita.
Em entrevista exclusiva à CNN nesta quinta-feira, Bolsonaro foi questionado sobre as possibilidades para a eleição de 2026 e se referiu a Pablo Marçal de forma distante, dizendo que “evitava conversar sobre esse cara”. O ex-presidente também fez uma análise mais fria sobre o potencial do empresário, afirmando que Marçal, apesar de ter “um baita de um potencial”, precisaria se controlar para se manter relevante na política. As declarações de Bolsonaro refletem um distanciamento claro e um desinteresse pelo nome de Marçal dentro das discussões sobre 2026, o que pode sinalizar um endurecimento da relação entre os dois, que antes pareciam caminhar juntos.
O fato de Bolsonaro desconsiderar a candidatura de Marçal também pode refletir um jogo político maior. O ex-presidente parece se distanciar de Marçal, talvez para não dar ainda mais visibilidade a uma figura que ele pode enxergar como um rival dentro do mesmo espectro político. Nesse sentido, a postura de Bolsonaro parece ser uma tentativa de minimizar qualquer risco de fragmentação na direita que pudesse surgir a partir do nome de Marçal. Ao mesmo tempo, a afirmação de que ele possui "potencial", embora sem a devida “autodisciplina”, mostra que Bolsonaro ainda reconhece em Marçal uma figura que poderia ter relevância se souber se comportar dentro dos limites da política tradicional.
O distanciamento de Bolsonaro pode ser visto, por um lado, como uma forma de consolidar sua base de apoio, evitando que figuras como Marçal surjam como uma ameaça direta em sua ala política. Por outro lado, o afastamento também pode representar uma oportunidade para o empresário buscar novos aliados dentro do espectro político da direita, sem as amarras de um apoio explícito de Bolsonaro.
A movimentação de Marçal, por sua vez, reflete a necessidade de fortalecimento da direita brasileira após a eleição de 2022. Sem uma liderança consolidada e com a perda de apoio a Bolsonaro, figuras como o empresário do PRTB tentam se posicionar como alternativas para atrair os eleitores insatisfeitos com o atual quadro político. Nesse sentido, Marçal tem se mostrado disposto a abraçar a causa da direita, mesmo que isso signifique disputar com figuras tradicionais e com uma base bolsonarista que pode ainda ver em seu nome uma ameaça ou um novo caminho.
A eleição presidencial de 2026, portanto, promete ser um cenário dinâmico, com a direita tentando se reorganizar após o fim da era Bolsonaro. A movimentação de Marçal é apenas um dos primeiros sinais de uma disputa que pode envolver novos e antigos nomes, gerando tensões e disputas internas sobre quem representará de fato essa ala política do Brasil nos próximos anos. O ex-presidente Jair Bolsonaro, ao se distanciar de nomes como o de Marçal, parece apostar na criação de uma nova linha de frente para a direita, ao mesmo tempo que tenta preservar sua relevância dentro do debate nacional, mas com um claro foco na preservação de sua base de apoio e na tentativa de evitar a ascensão de outros líderes políticos dentro de seu espectro ideológico.