Bolsonaro ressaltou que as políticas de imigração devem ser rigorosas, mas também justas, sugerindo que é necessário garantir que os imigrantes que estejam no país de forma ilegal busquem legalizar sua situação. O ex-presidente criticou as flexibilizações de políticas migratórias que, segundo ele, favorecem a entrada de imigrantes sem o devido processo legal. Essa visão, de acordo com Bolsonaro, é a mesma adotada por Trump, que já anunciou planos para realizar um dos maiores esforços de deportação na história dos Estados Unidos.
Trump, que assumiu oficialmente o cargo no último dia 20, também assinou uma ordem executiva na quarta-feira (22) que suspende a entrada física de imigrantes ilegais pela fronteira sul dos EUA, especificamente com o México. A medida visa interromper o fluxo de migrantes ilegais, uma promessa de campanha que tem gerado debates acalorados no cenário internacional. Em um comunicado oficial, a Casa Branca afirmou que a ordem executiva assinada por Trump "suspende a entrada física de estrangeiros envolvidos em uma invasão dos Estados Unidos pela fronteira sul". Esse movimento de Trump, que já havia sinalizado intensificar os controles fronteiriços durante a campanha presidencial, reflete sua postura rigorosa com relação à imigração, algo que Bolsonaro apoiou em sua entrevista.
Além das questões relacionadas à imigração, Bolsonaro também comentou sobre os decretos assinados por Trump na mesma semana, que podem ter implicações para a economia global e para o Brasil. O ex-presidente brasileiro demonstrou apoio a algumas das medidas adotadas por Trump, especialmente aquelas que envolvem a exploração de recursos naturais. Um dos decretos mais significativos foi a revogação dos esforços do ex-presidente Joe Biden para bloquear a perfuração de petróleo no Ártico e em grandes áreas da costa dos Estados Unidos. Para Bolsonaro, a decisão de Trump de retomar a exploração de petróleo tem repercussões no Brasil, principalmente em relação ao mercado de petróleo e gás. O ex-presidente lembrou que o Brasil exporta petróleo para os Estados Unidos e, ao mesmo tempo, importa diesel, tornando a situação da exploração energética uma questão estratégica para os dois países.
Bolsonaro mencionou ainda a Margem Equatorial, uma região que se estende da costa do Amapá ao Rio Grande do Norte, e que possui um grande potencial para a exploração de petróleo. Segundo ele, o Brasil não pode ignorar essa oportunidade de explorar seus recursos naturais, especialmente considerando a crescente necessidade de diesel e o potencial de exportação de petróleo. No entanto, o ex-presidente observou que a exploração na Margem Equatorial enfrenta desafios, principalmente por questões ambientais que impedem, até o momento, a perfuração de poços naquela área. Bolsonaro defendeu que o Brasil deveria seguir uma linha semelhante à de Trump, incentivando a exploração de recursos naturais de forma mais agressiva, sem abrir mão das questões ambientais, mas também sem se deixar paralisar por elas.
Essas declarações de Bolsonaro, que elogiaram a política de imigração e os decretos de Trump, refletem uma postura alinhada com a política externa que ele adotou durante seu governo, de aproximação com os Estados Unidos e de apoio a medidas mais conservadoras em temas como imigração e economia. Embora o Brasil não enfrente as mesmas dificuldades dos Estados Unidos em termos de imigração ilegal, a troca de ideias entre os dois ex-presidentes demonstra um apoio mútuo em áreas sensíveis que podem impactar a relação bilateral no futuro.
Com isso, Bolsonaro, mesmo fora do cargo, continua influente no debate sobre políticas públicas, buscando manter uma linha de apoio às estratégias de governantes com quem compartilha visões políticas semelhantes, especialmente em relação a temas como segurança nacional, imigração e exploração de recursos naturais.