No documento apresentado, a defesa de Zambelli solicita acesso a qualquer informação ou alerta que tenha sido emitido em nome da parlamentar, com base no que chama de “sérias alegações de perseguição política” sofridas por ela no Brasil. Segundo Pagnozzi, o objetivo do pedido é assegurar o direito de defesa da deputada, em meio a sinais preocupantes de que poderia estar sendo alvo de ações obscuras no campo da cooperação internacional. A solicitação foi motivada por notícias veiculadas tanto na imprensa brasileira quanto em veículos estrangeiros, que sugerem uma movimentação da Polícia Federal no sentido de incluir Zambelli na lista de procurados da Interpol.
Contudo, até o momento, nem a deputada nem sua equipe jurídica tiveram acesso a qualquer documentação oficial confirmando essa suposta solicitação feita pelo Brasil à Interpol. Esse fato acendeu alertas entre os apoiadores da parlamentar, que veem na ausência de transparência um indicativo de que o processo estaria sendo conduzido de forma sigilosa e politicamente direcionada. O pedido feito à Comissão da Interpol busca justamente lançar luz sobre esse ponto, além de verificar se há algum tipo de alerta confidencial que possa prejudicar sua liberdade de deslocamento ou segurança jurídica fora do país.
A atuação do Ministério das Relações Exteriores também é mencionada na petição. De acordo com os advogados, o Itamaraty seria o responsável por intermediar eventuais pedidos da Polícia Federal junto a autoridades internacionais. No entanto, consultas formais já encaminhadas ao órgão não foram respondidas até agora, o que amplia as dúvidas em torno da conduta adotada pelas instituições envolvidas. Essa ausência de resposta por parte do governo federal é vista pela defesa como mais um indício de que a situação de Zambelli pode estar sendo tratada fora dos padrões esperados de uma democracia.
Atualmente, o nome de Carla Zambelli não consta na lista pública de procurados da Interpol. No entanto, especialistas em direito internacional lembram que a organização possui a prerrogativa de manter determinadas notificações em sigilo, especialmente quando os países-membros assim solicitam. Isso significa que, mesmo não estando visível no site oficial, a deputada poderia ser alvo de uma difusão vermelha — o que, na prática, significaria um pedido de prisão internacional. Por isso, o pedido à Interpol é considerado um movimento estratégico da defesa, a fim de prevenir que Zambelli seja surpreendida em algum aeroporto ou país parceiro do Brasil em acordos de extradição.
A condenação imposta pelo Supremo Tribunal Federal gira em torno da acusação de que Zambelli teria mantido relações com um hacker responsável por acessar ilegalmente sistemas do Judiciário. A defesa da parlamentar, no entanto, nega veementemente qualquer envolvimento com crimes cibernéticos. Juristas, parlamentares da oposição e até analistas independentes têm levantado questionamentos sobre a condução do processo, que culminou em uma sentença considerada desproporcional por muitos setores do campo jurídico.
Além disso, há quem veja na condenação e nas tentativas de possíveis sanções internacionais uma tentativa de silenciar vozes da direita conservadora brasileira. O caso de Carla Zambelli, figura de destaque no bolsonarismo e crítica ferrenha do Judiciário, passou a ser emblemático entre apoiadores que denunciam o que consideram um processo de perseguição contra parlamentares de direita. A falta de respostas oficiais, a possibilidade de registros confidenciais e a aparente mobilização silenciosa de órgãos do Estado têm alimentado suspeitas sobre os reais interesses por trás da tentativa de criminalização de sua atuação política.
A defesa reforça que o pedido feito à Interpol tem como base os princípios fundamentais de qualquer Estado democrático: o direito ao contraditório e à ampla defesa. Ao buscar essas informações de forma oficial, Carla Zambelli espera garantir sua liberdade e segurança jurídica fora do Brasil, ao mesmo tempo em que denuncia a politização do Judiciário e a instrumentalização de organismos internacionais para fins ideológicos. O caso segue gerando repercussões e deverá ganhar novos desdobramentos nos próximos dias.