Diante da reação do público e das declarações da família Justus, Marcos Dantas decidiu se manifestar publicamente por meio de uma carta aberta publicada também no X. No texto, o professor alega que sua frase foi apenas uma metáfora e que jamais teve a intenção de ofender ou ameaçar a família. Segundo ele, o comentário fazia alusão à Revolução Francesa e foi uma crítica simbólica à desigualdade social, usando a imagem do item de luxo nas mãos de uma criança como provocação retórica. Ele se defendeu afirmando que a mensagem foi mal interpretada e que não havia qualquer ameaça embutida na frase.
O professor ainda explicou que sua intenção era criticar um modelo de sociedade que, segundo ele, ostenta riqueza diante de tantas carências. No entanto, reconheceu que a escolha das palavras foi infeliz e que o contexto poderia gerar confusão, principalmente ao envolver uma criança. Dantas ressaltou que nunca passou por sua cabeça causar qualquer tipo de dano à família Justus e lamentou que o comentário tenha ganhado tamanha repercussão. Ele afirmou que o post era, inicialmente, privado, mas acabou sendo compartilhado e exposto fora do seu contexto original.
Na carta, o docente pede desculpas e diz compreender o desconforto causado. Reforçou que sua trajetória acadêmica sempre foi pautada pelo respeito ao diálogo e à convivência democrática. Ele finalizou o texto apelando à compreensão da família e destacando que o episódio foi resultado das distorções típicas do ambiente digital, onde uma frase solta pode rapidamente se transformar em escândalo. No entanto, o pedido de desculpas não foi suficiente para amenizar a revolta dos pais da menina.
Até o momento, a família Justus não respondeu publicamente à carta do professor. No entanto, no domingo anterior, Ana Paula Siebert e Roberto Justus gravaram um vídeo juntos nas redes sociais em que afirmaram categoricamente que tomarão providências jurídicas. Segundo o casal, não apenas Marcos Dantas, mas outras pessoas que fizeram comentários ofensivos ou maldosos sobre sua filha serão processadas. O tom do vídeo foi firme e emocionado, com Justus classificando as mensagens recebidas como “nojentas” e “covardes”, especialmente por terem como alvo uma criança.
O episódio reacende o debate sobre os limites da liberdade de expressão nas redes sociais e a responsabilidade que cada usuário carrega ao emitir opiniões, especialmente quando essas envolvem menores de idade. O uso de metáforas históricas, como a referência à guilhotina, carrega um peso simbólico que, em certos contextos, pode ser interpretado como agressivo ou ameaçador. O fato de a crítica partir de um professor universitário de renome apenas intensificou a repercussão negativa, já que se espera desse tipo de figura pública um comportamento mais equilibrado e cuidadoso.
Enquanto isso, a exposição do caso também levanta questões sobre o culto à ostentação nas redes sociais e os efeitos que isso tem na percepção pública. Muitos internautas dividiram opiniões: parte deles condenou duramente a atitude do professor, enquanto outros enxergaram exagero na reação da família diante do que consideram uma crítica social comum. Ainda assim, o consenso predominante nas redes foi de que envolver uma criança em qualquer tipo de crítica é ultrapassar uma linha ética que deveria ser respeitada por todos, independentemente da intenção original do comentário.
A polêmica segue sem desfecho jurídico, mas promete render novos capítulos nos próximos dias. A depender da decisão da família Justus, o caso pode se tornar um exemplo emblemático dos tempos em que a comunicação pública é instantânea, mas nem sempre ponderada.