Trump decide sobre banimento do TikTok nos EUA

LIGA DAS NOTÍCIAS

 O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira uma nova prorrogação do prazo para que a plataforma TikTok, pertencente à empresa chinesa ByteDance, seja vendida a uma companhia americana. A medida amplia por mais 90 dias o limite para que a transação seja concluída, adiando novamente a possibilidade de banimento do aplicativo em território norte-americano. O novo prazo agora se encerra em 17 de setembro deste ano, conforme publicado pelo próprio presidente em sua conta na Truth Social, rede social que tem sido o principal canal de comunicação da Casa Branca durante seu atual mandato.


Esta é a terceira vez que Trump decide postergar o prazo, o que representa uma mudança significativa de postura em comparação ao seu primeiro mandato, quando chegou a assinar uma ordem executiva determinando a proibição do TikTok nos Estados Unidos, sob a justificativa de ameaças à segurança nacional. Naquela ocasião, a medida foi questionada e bloqueada judicialmente, gerando um impasse entre o governo federal e a empresa chinesa. Agora, em seu novo período à frente do país, Trump adota uma abordagem mais estratégica e cautelosa, tentando equilibrar interesses econômicos, eleitorais e geopolíticos.


Segundo Karoline Leavitt, secretária de imprensa da Casa Branca, o presidente não deseja que o TikTok seja desativado. Em suas palavras, Trump entende que a plataforma é uma ferramenta de expressão utilizada por milhões de americanos, especialmente os mais jovens, e que sua eliminação poderia gerar insatisfação social e política em ano eleitoral. No entanto, ele continua determinado a garantir que os dados dos usuários estejam completamente protegidos da ingerência estrangeira, especialmente do regime chinês. Para isso, o governo exige que o controle da operação local do aplicativo seja transferido para uma empresa americana que atenda a critérios rigorosos de segurança cibernética.


A decisão de Trump reflete também um cenário político mais complexo do que em 2020, quando a tentativa de banir o TikTok foi vista por muitos como parte de uma cruzada ideológica contra empresas chinesas. Desta vez, o republicano parece mais interessado em apresentar uma solução de compromisso que preserve a popularidade da rede social entre os americanos e, ao mesmo tempo, demonstre firmeza diante da China, país com o qual os Estados Unidos mantêm uma disputa econômica e tecnológica cada vez mais intensa. A venda do TikTok a uma empresa nacional é considerada pelo governo como a única forma segura de garantir que dados sensíveis de cidadãos americanos não sejam acessados por Pequim.


A ByteDance, por sua vez, tem mantido negociações com potenciais compradores americanos desde que as exigências foram reafirmadas por Trump em janeiro. Entre os interessados estariam gigantes da tecnologia e grupos de investimento privado, embora os detalhes das conversas sejam mantidos em sigilo. A principal dificuldade para a conclusão da transação reside no valor da operação e nas condições de separação técnica entre a estrutura global da plataforma e suas operações nos Estados Unidos. Especialistas apontam que o TikTok depende de sistemas e algoritmos integrados, o que torna complexa a cisão sem comprometer a experiência do usuário.


A extensão do prazo até setembro pode indicar que Trump deseja evitar um desgaste político às vésperas da convenção republicana, onde será oficializado como candidato à reeleição. Ao mostrar disposição para negociar, o presidente tenta neutralizar críticas de que seu governo agiria de forma autoritária ao simplesmente eliminar uma das redes sociais mais populares do mundo ocidental. Além disso, adiar a decisão abre espaço para que o próprio TikTok tente apresentar garantias adicionais de segurança, como a criação de data centers nos Estados Unidos, auditorias independentes ou parceria com empresas locais, medidas que poderiam satisfazer parcialmente as exigências do governo.


No Congresso, a reação à nova prorrogação foi mista. Parte da bancada republicana, alinhada com Trump, elogiou a medida como um gesto de pragmatismo político, enquanto opositores democratas criticaram a demora em resolver um problema que, segundo eles, compromete a privacidade de milhões de americanos. Organizações de defesa da liberdade digital também acompanham o caso com atenção, temendo que a pressão por mudanças no controle do TikTok resulte em restrições à liberdade de expressão ou em práticas de censura indireta.


Com o novo prazo estabelecido, cresce a expectativa sobre o futuro do TikTok nos Estados Unidos. A plataforma, que já ultrapassou a marca de 170 milhões de usuários ativos no país, continua operando normalmente, enquanto seus executivos tentam acelerar as negociações. O governo Trump, por sua vez, segue vigilante, afirmando que o prazo não será prorrogado novamente sem justificativas concretas. O desfecho do caso poderá se tornar um símbolo da nova abordagem americana frente aos desafios da era digital, marcada pela rivalidade tecnológica entre as maiores potências do mundo.


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