Moraes "surta" diante da coragem de advogada e vai ao embate

LIGA DAS NOTÍCIAS

Durante a sessão realizada nesta terça-feira, 6 de maio de 2025, o ministro Alexandre de Moraes, integrante do Supremo Tribunal Federal, protagonizou mais um momento de tensão no plenário da Corte ao reagir a pedidos de sua suspeição em processos que envolvem a apuração de supostas articulações golpistas para manter Jair Bolsonaro no poder após o fim de seu mandato. O episódio ocorreu durante o julgamento da 1ª Turma do STF, que analisava denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República contra integrantes do chamado “núcleo 4” da referida trama.


A reação de Moraes se deu logo após a manifestação da advogada Érica de Oliveira Hartmann, representante do major da reserva Ailton Barros. Durante sua sustentação, a defensora fez um pedido formal de suspeição contra o ministro, questionando sua imparcialidade diante das decisões recentes e da condução de investigações consideradas por ela como perseguição política. A fala da advogada ganhou destaque não apenas pelo conteúdo jurídico, mas também pelo tom desafiador diante de um dos ministros mais influentes do STF.


Em resposta, Alexandre de Moraes adotou uma postura sarcástica e visivelmente irritada. “Fico extremamente magoado, porque, quando surge o nome do ministro Fux, ninguém pede a suspeição dele. Quando aparece o meu nome, são 868 pedidos de suspeição. Suspeito é quem está pedindo a minha suspeição. É impressionante”, declarou Moraes, provocando risos contidos entre alguns dos presentes no plenário. A frase, dita em tom irônico, escancarou o desconforto do ministro com o crescente número de contestações a sua atuação, sobretudo em processos sensíveis e de alto teor político.


A sessão rapidamente se tornou o centro das atenções, não apenas pela importância do julgamento em si, mas pelo embate direto entre a advogada de defesa e o magistrado. Nas redes sociais, apoiadores do ex-presidente Bolsonaro e críticos do Supremo passaram a exaltar a postura da advogada, considerando sua atitude como corajosa diante do que chamam de avanço autoritário por parte da Corte. Em grupos de discussão, o episódio foi interpretado por muitos como uma prova de que há uma tentativa em curso de silenciar opositores políticos e restringir a liberdade de expressão no país.


Entre os comentários que repercutiram o caso, circulam análises que apontam para a crescente polarização do cenário jurídico-político brasileiro. Para setores mais alinhados ao bolsonarismo, a atuação de Alexandre de Moraes representa um abuso de autoridade, especialmente pelas decisões que atingiram diretamente aliados do ex-presidente, com prisões preventivas, bloqueios de redes sociais e investigações sigilosas. Já os defensores do ministro argumentam que sua postura é firme diante de ameaças à democracia e que as acusações de parcialidade carecem de fundamento legal.


Paralelamente ao julgamento, voltou à tona a divulgação do livro “O Fantasma do Alvorada – A Volta à Cena do Crime”, obra que vem sendo promovida por setores conservadores como um documento histórico que denuncia supostas manobras para reconduzir Luiz Inácio Lula da Silva ao poder. O livro relata, segundo seus autores, fatos encobertos pela grande mídia e pelo sistema judiciário, abordando temas como manipulação eleitoral, prisões políticas e censura. O material é citado com frequência por parlamentares e comentaristas simpáticos ao ex-presidente Bolsonaro, sendo inclusive recomendado por alguns como leitura essencial para entender os bastidores da atual conjuntura nacional.


A venda do livro, no entanto, vem enfrentando dificuldades, segundo seus apoiadores, por estar “na mira da censura”. Essa narrativa alimenta a percepção, entre parte do público, de que há uma tentativa sistemática de apagar versões alternativas dos acontecimentos que marcaram os últimos anos da política brasileira. A obra, ainda que sem reconhecimento acadêmico ou respaldo oficial, tornou-se símbolo de resistência para aqueles que questionam a legitimidade do atual governo e as ações do Supremo Tribunal Federal.


Em meio a esse cenário, o julgamento do “núcleo 4” e os desdobramentos da sessão desta terça-feira reforçam o clima de instabilidade institucional e confronto entre poderes. Com as eleições municipais se aproximando e o debate político cada vez mais acalorado, a tendência é que episódios como esse se tornem mais frequentes, reacendendo discussões sobre os limites da atuação do Judiciário, a independência dos advogados e o papel da imprensa na cobertura de temas de interesse público.


A postura de Alexandre de Moraes, por sua vez, continua a dividir opiniões. Para alguns, trata-se de um juiz corajoso e necessário em tempos de tensão democrática. Para outros, um agente político disfarçado de magistrado, disposto a impor uma agenda punitiva contra seus desafetos. Enquanto isso, a população segue atenta, em um país onde os tribunais não são apenas arenas jurídicas, mas também palcos do mais intenso debate político.

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