Silas Malafaia, em publicação feita em seu perfil na rede social X, questionou a posição de Temer e lembrou que Michelle é quem atualmente reúne maior capital político entre os potenciais candidatos da direita. Para o pastor, o ex-presidente ignora a realidade ao não reconhecer o protagonismo crescente da ex-primeira-dama, que conta com o apoio declarado do eleitorado evangélico, das mulheres conservadoras e da base bolsonarista em geral. A crítica de Malafaia reforça o desconforto de uma parcela do núcleo duro bolsonarista com qualquer articulação política que não tenha como eixo central a influência do ex-presidente.
Apesar de Jair Bolsonaro estar inelegível, seus aliados evitam declarar abertamente um sucessor definitivo, mantendo cautela em torno de nomes que poderiam substituir sua liderança. Entre os mais cotados estão Michelle Bolsonaro e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Ambos aparecem com bom desempenho nas pesquisas de intenção de voto, embora Tarcísio tenha afirmado repetidamente que pretende disputar a reeleição em São Paulo. Michelle, por sua vez, tem intensificado sua presença em eventos públicos e manifestações políticas, sinalizando uma disposição crescente de ocupar espaço no cenário nacional.
Jair Bolsonaro chegou a mencionar, em ocasiões anteriores, que apoiaria a candidatura da esposa caso ela aceitasse disputar a presidência, e sugeriu que ele próprio comandaria a Casa Civil em um eventual governo. Entretanto, mais recentemente, voltou a se declarar como a única opção capaz de enfrentar a esquerda em 2026, ainda que esteja impedido judicialmente de disputar o cargo. Essa ambiguidade no discurso alimenta incertezas dentro da direita e dificulta a formação de uma coalizão sólida.
A movimentação de Michel Temer busca justamente oferecer uma alternativa à fragmentação da direita. Em entrevista ao programa Canal Livre, da Band, o ex-presidente revelou que vem sendo procurado por governadores interessados em discutir um projeto único para o Brasil. Segundo ele, nomes como Romeu Zema, Ratinho Júnior, Ronaldo Caiado, Eduardo Leite e Tarcísio de Freitas demonstraram interesse em construir uma alternativa conjunta que evite a pulverização de candidaturas. Temer defende que, diante de um cenário com múltiplos candidatos à direita e apenas um nome competitivo à esquerda, a vitória do campo progressista se tornaria quase inevitável.
Mesmo negando qualquer intenção de disputar novamente a presidência, o nome de Temer voltou a circular com força nas redes sociais após um post do consultor político Wilson Pedroso. A publicação, feita em tom irônico, sugeria o ex-presidente como candidato ao Planalto e viralizou, acumulando milhões de visualizações e milhares de interações. O episódio colocou Temer de volta ao centro do debate político, mesmo que de maneira involuntária.
A tentativa de unir diferentes governadores em torno de um projeto comum esbarra, contudo, em um obstáculo central: o controle do bolsonarismo sobre grande parte do eleitorado de direita. Qualquer nome que se apresente fora do círculo de confiança de Jair Bolsonaro enfrenta resistência imediata. Michelle, embora novata na política institucional, surge como a única figura com capacidade real de manter unida a base conservadora. Sua imagem é associada à firmeza de valores, ao vínculo com o eleitorado cristão e à lealdade ao legado do marido.
O cenário para 2026 ainda é incerto, mas as tensões que se revelam desde já indicam que a disputa pela liderança da direita será intensa. A falta de um sucessor natural a Bolsonaro, combinada à necessidade de viabilidade eleitoral, exige articulação cuidadosa. Ao mesmo tempo, a crescente exposição de Michelle Bolsonaro e o apoio de vozes influentes como a de Silas Malafaia apontam para uma possível consolidação de sua pré-candidatura.
Em meio a essas movimentações, a direita brasileira se vê diante de um dilema estratégico. De um lado, há o apelo à unidade proposto por figuras como Michel Temer. De outro, a força de uma base ideológica que exige fidelidade absoluta a Bolsonaro e resiste a qualquer aproximação com políticos que não compartilhem integralmente de sua visão. Como se desenhará esse equilíbrio será determinante para o resultado eleitoral de 2026.