Em uma publicação nas redes sociais, o senador classificou a atitude de Barroso como um verdadeiro caso de traição à pátria. Para ele, a aproximação com o governo Biden durante o processo eleitoral brasileiro não apenas fere a soberania nacional, mas também demonstra que houve um esforço coordenado do establishment político para impedir a vitória do ex-presidente Jair Bolsonaro nas urnas. Na mensagem, Mourão não poupou palavras ao afirmar que agora o objetivo seria encarcerar Bolsonaro e alguns militares, mantendo viva uma narrativa que, em sua visão, é falsa e construída para justificar o cerceamento de vozes conservadoras.
A reação de Mourão marca uma inflexão importante em sua trajetória recente. Até então, o ex-vice-presidente vinha sendo alvo de críticas por parte de aliados e eleitores da direita, que cobravam uma postura mais firme diante das ações do STF e da omissão de setores políticos e jurídicos em relação a ataques a figuras como o deputado federal Nikolas Ferreira e o pastor Silas Malafaia. Sua posição até então moderada era vista por muitos como uma forma de acomodação diante das pressões institucionais. A nova declaração, contudo, pode indicar que o senador decidiu abandonar a neutralidade e adotar um tom mais combativo.
A polêmica gira em torno da fronteira tênue entre cooperação internacional e interferência externa. Para alguns, a declaração de Barroso revela uma tentativa legítima de buscar respaldo junto a aliados democráticos para evitar uma ruptura institucional. Para outros, como Mourão, o ato representa um grave atentado à independência do Brasil, colocando o processo eleitoral sob a tutela de interesses estrangeiros. O senador ressaltou que qualquer ameaça à democracia deve ser enfrentada exclusivamente pelas instituições nacionais, sem recorrer a atores externos que possam comprometer a autonomia política do país.
Além da questão institucional, Mourão também destacou que há uma tentativa de transformar adversários políticos em criminosos por meio da manipulação de narrativas e da instrumentalização do Judiciário. Segundo ele, o objetivo seria sustentar uma versão dos fatos que coloca os conservadores como ameaças à democracia, enquanto exime de responsabilidade aqueles que atuaram para interferir no processo democrático por vias indiretas. Essa crítica ecoa entre apoiadores de Bolsonaro, que veem nas recentes decisões judiciais uma perseguição sistemática a quem ousa desafiar o sistema.
A fala do senador repercutiu amplamente entre conservadores, que há tempos aguardavam uma manifestação mais incisiva de sua parte. Influenciadores, militantes e parlamentares de direita compartilharam o posicionamento como um sinal de que Mourão está finalmente disposto a enfrentar o sistema de frente. Apesar disso, há quem veja a mudança de tom com cautela. Alguns analistas avaliam que a reação pode ter sido motivada mais por pressão política do que por uma mudança real de postura. Outros, no entanto, enxergam na fala um possível reposicionamento estratégico visando os próximos embates eleitorais.
Seja como for, o impacto político da declaração é inegável. Ela reacende o debate sobre o papel das instituições durante o processo eleitoral, o limite da influência estrangeira nas decisões internas do país e a forma como o STF tem atuado em temas sensíveis à democracia. Ao se colocar contra Barroso de forma tão clara, Mourão se junta a um coro crescente de críticas às ações do Judiciário e à condução política dos últimos anos, trazendo à tona uma tensão que já vinha se acumulando, mas que agora ganhou contornos mais explícitos.
A expectativa agora é saber se o senador manterá esse novo tom em suas futuras manifestações ou se voltará à sua postura mais contida. Em um cenário político cada vez mais polarizado, a voz de Mourão pode ganhar importância, sobretudo entre setores que buscam lideranças capazes de defender princípios como soberania nacional, respeito às Forças Armadas e combate à judicialização seletiva da política. O que parece certo, por ora, é que o silêncio foi quebrado e que o senador decidiu se posicionar em um dos momentos mais delicados da história recente do Brasil.