O ex-presidente Jair Bolsonaro voltou a utilizar suas redes sociais nesta semana para convocar seus apoiadores a participarem do ato pró-anistia, marcado para esta quarta-feira, em Brasília. Em um vídeo publicado nesta terça-feira, Bolsonaro reforçou o convite feito anteriormente, destacando a importância da presença de seus simpatizantes no evento que, segundo ele, representa um apelo à liberdade e à justiça para aqueles que têm sido alvo de processos judiciais desde os atos de 8 de janeiro de 2023.
O ex-presidente, que recentemente recebeu alta hospitalar após passar por uma cirurgia no intestino, afirmou que sua intenção é estar presente fisicamente na manifestação, caso sua condição de saúde permita. Apesar de não ter confirmado com firmeza sua participação no ato, o líder político sinalizou que acompanha de perto os preparativos e que se sente motivado pelo apoio contínuo de sua base.
A convocação para o ato ganhou força nas últimas semanas, sendo impulsionada por figuras públicas ligadas ao bolsonarismo e por parlamentares da oposição. O evento ocorre em meio a um cenário político conturbado, no qual discussões sobre a legalidade das investigações conduzidas contra participantes dos protestos de 2023 voltaram a ganhar destaque na mídia e no Congresso Nacional. Grupos ligados ao ex-presidente afirmam que há perseguição política envolvida nos processos judiciais e pedem a anistia dos réus e condenados.
Nas imagens divulgadas por Bolsonaro, ele aparece sentado, com aspecto ainda de recuperação, mas falando com firmeza. O vídeo tem circulado amplamente em aplicativos de mensagens e redes sociais, especialmente entre os simpatizantes mais engajados do ex-presidente. A presença de Bolsonaro no ato, ainda que não garantida, é vista por organizadores como um fator de mobilização importante, capaz de aumentar o número de participantes e atrair maior atenção da imprensa.
O ato pró-anistia está previsto para ocorrer na Esplanada dos Ministérios e contará com a presença de diversos parlamentares da oposição, lideranças religiosas e representantes de movimentos conservadores. Segundo os organizadores, a manifestação será pacífica e terá como foco o pedido formal de anistia aos envolvidos nos eventos que resultaram na invasão das sedes dos Três Poderes, pouco mais de dois anos atrás.
Críticos do movimento, por sua vez, afirmam que o ato representa uma tentativa de pressionar as instituições democráticas e relativizar os crimes cometidos durante os ataques de janeiro de 2023. Para membros da base governista, a anistia seria um retrocesso e colocaria em risco a credibilidade do sistema judiciário brasileiro. Juristas também se manifestaram sobre o tema, alertando que a anistia a pessoas já condenadas por crimes graves, como depredação de patrimônio público e tentativa de subversão da ordem democrática, poderia abrir um precedente perigoso.
Ainda assim, a mobilização segue firme, com caravanas sendo organizadas em diversas partes do país. Cidades como São Paulo, Belo Horizonte, Goiânia e Curitiba já confirmaram o envio de ônibus com apoiadores rumo à capital federal. Redes de financiamento coletivo também têm sido utilizadas para custear o transporte e a estadia dos participantes.
Nos bastidores da política, o ato é visto como mais um teste de força do bolsonarismo em um momento de rearticulação da direita brasileira. Com a aproximação das eleições municipais de 2026, movimentos conservadores tentam mostrar que mantêm uma base sólida e mobilizada. Bolsonaro, mesmo afastado formalmente da política devido às decisões do Tribunal Superior Eleitoral, segue influente entre seus eleitores e continua sendo uma figura central no debate político nacional.
Enquanto isso, o governo federal e o Supremo Tribunal Federal acompanham com atenção o desenrolar da mobilização. A segurança da Esplanada dos Ministérios já foi reforçada, e o Ministério da Justiça está em contato com as forças de segurança do Distrito Federal para garantir que o ato ocorra dentro da legalidade. Segundo fontes ligadas ao governo, a ordem é evitar confrontos e agir apenas em caso de desrespeito às normas estabelecidas.
O clima em Brasília é de expectativa. A manifestação promete reunir milhares de pessoas e reacender o debate sobre os rumos da democracia brasileira, em um país ainda polarizado e marcado por fortes disputas políticas.