PL aciona artigo da Constituição para suspender ação contra Ramagem

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O Partido Liberal (PL) anunciou nesta terça-feira (1º/4) que irá utilizar um mecanismo previsto na Constituição Federal para tentar suspender a ação que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o deputado federal Alexandre Ramagem. O parlamentar, que é do PL-RJ, e outras sete pessoas foram formalmente acusados de envolvimento em uma trama golpista, com o intuito de promover um golpe de Estado no Brasil. A ação, que teve início após investigações do STF, resultou na acusação de Ramagem, que passou a ser réu na corte.


O recurso legal invocado pelo PL se baseia no artigo 53 da Constituição, que permite à Câmara dos Deputados suspender processos judiciais envolvendo parlamentares, mediante decisão da maioria dos seus membros. A ação pode ser paralisada enquanto o deputado estiver no exercício do mandato. Para que a medida seja efetivada, será necessário um voto da maioria absoluta dos deputados, o que coloca uma pressão sobre a Câmara e suas lideranças. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), terá um prazo de até 45 dias para decidir quando pautar o pedido de suspensão da ação.


Durante o anúncio, o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, reforçou a defesa de Ramagem, destacando o caráter "íntegro" do deputado, que teve uma trajetória como delegado da Polícia Federal antes de se eleger. Cavalcante ressaltou que o partido não abrirá mão de buscar a proteção das prerrogativas constitucionais de seus membros, e que estão ao lado de Ramagem, que, segundo ele, sempre prestou bons serviços à sociedade. A defesa do PL foi complementada pelo advogado da legenda, Marcelo Bessa, que apontou que, caso a suspensão seja aprovada, a ação será paralisada enquanto o deputado ocupar o cargo. Contudo, a extensão da suspensão para os outros réus do caso dependerá de uma decisão do STF.


A acusação contra Alexandre Ramagem foi formalizada pelo Supremo Tribunal Federal após investigações relacionadas ao evento ocorrido em 8 de janeiro de 2023, quando grupos golpistas tentaram invadir as sedes dos Três Poderes em Brasília. A 1ª Turma do STF, ao analisar os elementos do processo, decidiu tornar Ramagem e outras sete pessoas réus, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em razão de suas supostas conexões com a tentativa de subversão da ordem constitucional.


A medida tomada pelo PL ocorre em um contexto político tenso, com movimentações no Congresso e dentro da base aliada ao governo. Além de buscar a suspensão da ação contra Ramagem, o PL e o Partido Novo também estão em um movimento de obstrução no Plenário e nas Comissões da Câmara, com o objetivo de pressionar o presidente da Casa a acelerar a tramitação do projeto de lei que trata da anistia para os acusados de envolvimento no episódio do 8 de janeiro. A proposta tem gerado debates acalorados, com defensores da anistia argumentando que a medida é necessária para a pacificação do país, enquanto opositores veem a anistia como uma tentativa de impunidade.


O quadro político continua sendo marcado por incertezas, com um cenário de polarização entre diferentes grupos dentro do Congresso e também entre os poderes da República. O Partido Liberal tem sido uma das principais forças de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro e, como tal, tem procurado usar seu peso político para defender figuras do partido, como Alexandre Ramagem. A ação contra Ramagem tem sido um ponto de tensão, tanto no Supremo Tribunal Federal quanto dentro da Câmara dos Deputados, onde a proposta de anistia e as movimentações em torno da suspensão do processo ganham cada vez mais relevância.


As próximas semanas devem ser decisivas para o desfecho desses episódios. A decisão de Hugo Motta sobre a pauta do pedido de suspensão, juntamente com os avanços no projeto de anistia, são questões que continuarão a ser acompanhadas de perto. A reação dos demais partidos e lideranças políticas também será crucial para entender os rumos das investigações e da política nacional. O clima de incerteza continua a permear o cenário político, com muitos esperando para ver qual será a postura final do STF e do Congresso em relação às acusações contra Alexandre Ramagem e ao destino das discussões sobre o golpe de janeiro.

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