Segundo Malafaia, o movimento ocorrerá de maneira pacífica e sob rígida coordenação. Em declaração recente, o pastor afirmou que “nenhuma lata de lixo será virada”, em uma tentativa clara de diferenciar a manifestação dos atos violentos ocorridos em janeiro de 2023, quando manifestantes invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes. Ele enfatizou que o objetivo do evento é expressar repúdio ao que chama de injustiças nas decisões judiciais contra os envolvidos no episódio, e exigir anistia para os condenados.
O ato contará com transmissão ao vivo pelas redes sociais de Malafaia e deverá reunir outros importantes líderes evangélicos, como os pastores Robson Rodovalho, da Igreja Sara Nossa Terra, e Abner Ferreira, da Assembleia de Deus de Madureira. A expectativa dos organizadores é de que milhares de pessoas compareçam à manifestação, que será marcada por discursos, músicas gospel e orações públicas.
Um dos temas centrais que será abordado durante o evento é o julgamento de Débora Rodrigues, condenada pelo Supremo Tribunal Federal por pichar com batom a estátua “A Justiça”, localizada em frente ao prédio do STF. O ministro Alexandre de Moraes votou pela pena de 14 anos de prisão, enquanto o ministro Luiz Fux propôs uma pena alternativa de 1 ano e 6 meses. O caso ganhou repercussão nacional e passou a ser usado pelos organizadores do movimento como exemplo de desproporcionalidade nas sentenças proferidas pelo tribunal.
Em vídeo divulgado nas redes sociais, o ex-presidente Jair Bolsonaro convocou seus apoiadores a participarem do ato. Apesar de ser considerado a principal liderança por trás da mobilização, Bolsonaro não deve comparecer pessoalmente, pois está internado em um hospital se recuperando de uma cirurgia no intestino. Sua ausência, no entanto, será compensada pela presença de sua esposa, Michelle Bolsonaro, que deverá representar o ex-presidente no evento. Michelle, que tem assumido cada vez mais protagonismo político, deve fazer um discurso em apoio aos manifestantes e à pauta da anistia.
A manifestação também ocorre em um contexto de crescente polarização política e questionamentos sobre os limites da atuação do Judiciário. Para os organizadores, os julgamentos relacionados ao 8 de janeiro teriam extrapolado a função constitucional da justiça, sendo movidos por motivações políticas e resultando em penas que consideram excessivas. Já críticos do movimento acusam seus líderes de tentar reescrever a narrativa sobre os atos antidemocráticos e promover impunidade.
O evento de 7 de maio será o segundo ato de grande escala convocado em defesa da anistia aos envolvidos no 8 de janeiro, e deve testar a capacidade de mobilização do campo bolsonarista em um momento em que as lideranças do grupo procuram manter sua relevância no cenário político nacional. Apesar do tom pacífico prometido por Malafaia, autoridades de segurança do Distrito Federal acompanham de perto a organização da manifestação. A expectativa é de que o policiamento na região central de Brasília seja reforçado para evitar qualquer tipo de tumulto ou confrontos.
A manifestação tem gerado reações diversas nas redes sociais e na imprensa. Para os defensores da anistia, o evento representa um movimento legítimo de contestação às decisões do STF. Para opositores, trata-se de mais uma tentativa de minar as instituições democráticas e relativizar atos violentos contra o Estado. A polarização em torno do tema tende a se intensificar nos próximos dias, à medida que a data do ato se aproxima.
Enquanto isso, o clima político no país segue marcado por tensões e disputas narrativas, com a sociedade civil dividida entre os que pedem justiça e os que clamam por perdão. Em meio a esse cenário, o dia 7 de maio promete ser mais um marco no debate nacional sobre os limites entre protesto, responsabilização e anistia.