Internado, Jair Bolsonaro fala sobre ações no STF ao SBT Brasil

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Na noite desta segunda-feira, o ex-presidente Jair Bolsonaro concedeu uma entrevista exclusiva ao telejornal SBT Brasil, apresentado por César Filho. O encontro aconteceu de maneira remota, diretamente do hospital DF Star, em Brasília, onde Bolsonaro está internado após passar por uma cirurgia no intestino. Mesmo hospitalizado, o ex-mandatário não se esquivou de abordar temas espinhosos, incluindo as investigações que tramitam contra ele no Supremo Tribunal Federal e os desdobramentos do 8 de janeiro de 2023.


Durante a entrevista, Bolsonaro classificou como absurda a natureza das condenações que vêm sendo aplicadas a apoiadores envolvidos nos atos daquele dia. Reiterou que se encontrava nos Estados Unidos no momento da invasão às sedes dos Três Poderes, em Brasília, e que, portanto, seria ilógico vinculá-lo diretamente à destruição de patrimônio público. Para ele, trata-se de um processo de cunho político, carente de embasamento técnico ou jurídico consistente. O ex-presidente rejeitou veementemente a ideia de ter participado ou incentivado um golpe de Estado, afirmando que tal acusação beira o ridículo, dado que ele nem sequer estava em território nacional.


Bolsonaro também detalhou o que considera ser um crime impossível. Segundo sua visão, não há como ocorrer um golpe de Estado sem liderança clara, sem armas, sem tropas organizadas e, sobretudo, sem a presença do presidente que deveria ser deposto. Para reforçar seu ponto, mencionou que nenhuma arma foi apreendida com os envolvidos nos atos de vandalismo, o que, segundo ele, descredencia a narrativa de uma tentativa de golpe militar articulado.


Indagado sobre sua suposta participação na elaboração de uma minuta golpista, o ex-presidente foi direto ao dizer que apenas discutiu dispositivos constitucionais com seus aliados, negando qualquer intenção de ruptura institucional. Ele também criticou duramente o que chama de abusos do Judiciário e de inquéritos sem fim, que, segundo ele, já duram seis anos sem apresentar conclusões sólidas. Um dos pontos abordados por César Filho foi o chamado plano punhal verde e amarelo, supostamente um projeto para assassinar autoridades brasileiras. Bolsonaro minimizou o episódio, alegando desconhecimento e declarando que só tomou conhecimento do suposto plano após o vazamento de informações da Polícia Federal à imprensa. Para ele, a situação deveria ser tratada com mais rigor investigativo, a começar pelo depoimento imediato do general da reserva apontado como idealizador do plano, após a apreensão de um laptop em sua residência.


Outro tema de destaque na entrevista foi a inelegibilidade de Bolsonaro para as eleições presidenciais de 2026. O ex-presidente se mostrou confiante na reversão da decisão do Tribunal Superior Eleitoral, embora tenha evitado entrar em detalhes sobre sua possível candidatura. Demonstrando otimismo, afirmou acreditar que até o próximo pleito haverá uma mobilização significativa em torno de seu nome. Também alfinetou a esquerda ao dizer que o campo progressista não possui um nome viável para disputar a presidência, insinuando que uma candidatura do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva seria ainda mais fraca por conta do desgaste político.


Ao abordar o cenário eleitoral, Bolsonaro destacou que há bons nomes na direita, mas evitou citá-los. Disse que cada possível candidato deve buscar seu espaço e conquistar a confiança da população. Mesmo assim, apontou que a maioria dos brasileiros ainda prefere seu nome para liderar o país, indicando que sua presença no debate político continuará intensa, mesmo diante de obstáculos judiciais e de saúde.


Durante toda a entrevista, Bolsonaro manteve um tom firme e desafiador, mesclando críticas ao Supremo Tribunal Federal com mensagens de esperança direcionadas à sua base de apoio. A entrevista serviu também como uma tentativa de reposicionar sua imagem em meio às crescentes acusações e às incertezas quanto ao seu futuro político. De dentro do hospital, o ex-presidente mostrou que, apesar das limitações físicas, segue ativo no jogo político, buscando manter sua influência entre eleitores conservadores e preparar o terreno para o próximo ciclo eleitoral.

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