Eduardo alegou que, durante o jantar oferecido pelo ministro Alexandre de Moraes, realizado no dia 18 de março, o presidente da Câmara foi influenciado de forma contundente. "Hugo Motta está sendo ameaçado. Ele vai negar isso publicamente, claro. Antes da conversa com Moraes, ele era a favor da anistia, mas depois do jantar com o ministro, ele mudou drasticamente", declarou o deputado.
O jantar, que contou com a presença de várias autoridades dos Três Poderes, aconteceu no apartamento funcional de Alexandre de Moraes em Brasília. Esse encontro é apontado como o ponto de virada na postura de Motta, que, conforme Eduardo Bolsonaro, adotou agora uma posição mais alinhada ao discurso de defesa da democracia e contra a anistia, algo que ele considera uma pauta típica de partidos de esquerda, como o PSOL. "Ele [Motta] tem falado basicamente igual a um esquerdista do PSOL, falando que é contra a anistia, [a favor da] democracia e aquelas coisas todas que estamos acostumados a ouvir da boca de Lula e de outros puxadinhos do PT", afirmou Bolsonaro, criticando a mudança de postura do parlamentar.
A anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro tem sido uma pauta importante dentro da direita, principalmente para aqueles que defendem uma revisão das prisões e condenações relacionadas aos episódios de invasão das sedes dos Três Poderes, ocorridos no início deste ano. Muitos membros do PL, partido de Eduardo Bolsonaro, têm defendido a concessão de anistia como uma forma de reverter as punições impostas aos manifestantes. Para Eduardo, a resistência de Hugo Motta à medida é um reflexo da pressão exercida por Alexandre de Moraes, cuja atuação tem sido cada vez mais influente em questões políticas do Congresso.
Em meio a essa tensão, Eduardo também apelou à mobilização popular para pressionar a Câmara dos Deputados a avançar com a proposta de anistia. Ele ressaltou que, devido às dificuldades enfrentadas para aprovar a pauta no Legislativo, será necessário o apoio das ruas para garantir que a causa ganhe força. No próximo domingo (6), está marcada uma manifestação na Avenida Paulista, em São Paulo, a partir das 14h, em apoio à anistia aos condenados pelos eventos de 8 de janeiro. A mobilização é vista como uma tentativa de pressionar diretamente os parlamentares a reconsiderarem suas posições sobre o tema.
Essa manifestação vem em um momento de crescente polarização política no Brasil, com grupos de apoio ao governo e à oposição se organizando para debater a justiça e as punições relacionadas aos atos do início do ano. A manifestação em São Paulo é apenas uma das várias iniciativas que vêm sendo promovidas por movimentos que apoiam a anistia, enquanto outros setores da sociedade, como movimentos de esquerda, se posicionam contra qualquer tipo de anistia, argumentando que a medida poderia enfraquecer a democracia e os princípios do Estado de Direito.
Com a situação cada vez mais tensa, o discurso de Eduardo Bolsonaro reflete um cenário de grande pressão política sobre os membros da Câmara dos Deputados, em particular o presidente Hugo Motta. A atitude do parlamentar de se afastar de uma proposta apoiada pela direita, após sua conversa com o ministro do STF, tem gerado controvérsias, principalmente entre os aliados do governo Bolsonaro, que veem na mudança de Motta um reflexo das influências externas sobre as decisões do Legislativo. Além disso, a declaração de Eduardo também acirra ainda mais as tensões entre o poder Executivo e o Judiciário, com o STF sendo novamente apontado como protagonista em disputas políticas internas.
Com a proximidade das eleições municipais e o clima de polarização ainda mais acentuado no país, as mobilizações em defesa de uma ou outra causa, como a anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro, provavelmente terão impacto nas discussões políticas e no rumo das articulações para o futuro político do Brasil. A pressão das ruas, combinada com a movimentação política nos bastidores, promete manter o tema da anistia em debate no Congresso Nacional por um bom tempo.