O ex-mandatário se mostrou confiante ao afirmar que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) passaria a ter um perfil mais imparcial e confiável nas próximas eleições. Bolsonaro, que foi um crítico ferrenho da Corte nas eleições de 2022, especialmente após as acusações de favorecimento ao atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva, indicou uma mudança de postura. Ele mencionou a expectativa de que André Mendonça, seu indicado ao Supremo Tribunal Federal (STF), assumisse a presidência do TSE e que isso traria mais isenção para o processo eleitoral. "Ano que vem o TSE terá um perfil completamente de isenção e podemos voltar a confiar nas eleições do ano que vem", declarou ele, sinalizando a esperança de que o órgão eleitoral se tornasse mais equilibrado e confiável.
Embora ainda não tenha confirmado oficialmente sua candidatura à presidência em 2026, Bolsonaro claramente está preparando o terreno para um retorno ao Palácio do Planalto. A manifestação foi um espaço para ele reforçar seu discurso sobre a importância da liberdade, democracia e justiça eleitoral, temas centrais no discurso e nos cartazes dos manifestantes que lotaram a Avenida Paulista. Ele também fez questão de enfatizar que a atual gestão federal está distante de suas propostas, o que pode indicar uma tentativa de reabilitação política e uma busca por apoio popular.
Outro ponto destacado no discurso foi a possível articulação internacional para fortalecer sua candidatura. Bolsonaro mencionou seu filho, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro, e ressaltou o papel de Eduardo como um elo com importantes figuras do cenário internacional. Com fluência em vários idiomas, o deputado mantém relações com líderes conservadores de diversas partes do mundo, como os Estados Unidos e a Europa. Isso poderia ser um trunfo estratégico na eleição de 2026, com a ampliação de apoio de lideranças externas à sua base política interna.
Além disso, a manifestação também expôs a contínua base de apoio de Bolsonaro no Brasil, composta por setores conservadores, como o agronegócio, evangélicos e classes médias das grandes cidades. A adesão a sua figura política continua forte, mesmo com as críticas de parte da mídia e da oposição. O apelo à liberdade de expressão, à segurança institucional e ao combate à “perseguição ideológica” são elementos recorrentes nos discursos e nas reivindicações dos seus apoiadores.
A ascensão de André Mendonça ao cargo de presidente do TSE tem sido vista como um fator estratégico importante para Bolsonaro. Mendonça, que foi indicado ao STF como o "ministro terrivelmente evangélico", é uma figura de confiança para a base bolsonarista. A expectativa é de que ele conduza o Tribunal Superior Eleitoral de maneira imparcial, mas com um rigor técnico que assegure a integridade do processo eleitoral. Nos bastidores políticos, especula-se que a mudança na presidência do TSE poderá ter um impacto considerável nas eleições de 2026, ajudando a moldar o cenário político a favor de Bolsonaro.
Apesar das reações de oposição, que acusam Bolsonaro de tentar reconstruir sua imagem e vitimizar-se, o discurso do ex-presidente reflete uma estratégia bem desenhada para os próximos anos. Líderes da esquerda alertaram para o que consideram um "discurso ensaiado", mas analistas políticos entendem que movimentos como esses são comuns em momentos de preparação para um novo ciclo eleitoral. A polarização política no Brasil tende a se intensificar à medida que o país se aproxima das eleições, e Bolsonaro já começa a se posicionar como um candidato competitivo, mesmo que as formalizações ainda não tenham ocorrido.
Com a eleição de 2026 no horizonte, o ex-presidente parece disposto a disputar com força, não apenas com base em seu apoio interno, mas também com a articulação de alianças estratégicas. O papel de Eduardo Bolsonaro, sua conexão com líderes internacionais e a confiança em André Mendonça são parte de uma narrativa mais ampla que visa consolidar sua base e expandir suas chances de sucesso. Enquanto isso, o país observa atentamente os próximos passos desse político que, para muitos, ainda é o principal nome de oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva.