Assim que Bolsonaro apareceu na entrada do hospital, uma multidão que aguardava sua saída desde o início da tarde entoou gritos de “mito, mito” e “volta, Bolsonaro”, em demonstração de apoio ao ex-presidente. Apesar do visível cansaço, ele fez questão de acenar para os simpatizantes antes de entrar em uma ambulância equipada como UTI móvel, que o conduziu até o Aeroporto Internacional de Natal. De lá, Bolsonaro foi transferido em um avião com estrutura hospitalar com destino a Brasília.
A previsão de decolagem foi estabelecida para as 19h30, com pouso estimado às 22h15 na capital federal. A transferência faz parte de uma estratégia da equipe médica e da família do ex-presidente para mantê-lo mais próximo de sua base política e médica habitual, em um ambiente mais controlado e preparado para um eventual agravamento do quadro clínico. Apesar da melhora progressiva, os médicos optaram por cautela, recomendando a continuidade do tratamento sob supervisão especializada em Brasília.
Nos bastidores, a internação de Bolsonaro reacendeu discussões políticas e levantou especulações sobre seu futuro. Embora aliados afirmem que ele continua ativo nos bastidores da direita e segue articulando estratégias para as eleições de 2026, o estado de saúde delicado do ex-presidente preocupa parte do seu grupo político. Segundo fontes próximas, a viagem a Brasília também permitirá reuniões reservadas com aliados e advogados, em meio às investigações que seguem em curso no Supremo Tribunal Federal.
Enquanto isso, o clima político em Brasília se mantém tenso. A movimentação em torno de Bolsonaro ocorre paralelamente a episódios envolvendo ministros do STF e rumores de embates entre as Forças Armadas e o ex-presidente. Recentemente, circularam informações de que o comandante do Exército teria ameaçado Bolsonaro com uma possível ordem de prisão, caso houvesse qualquer ato considerado de afronta institucional. A denúncia não foi confirmada oficialmente, mas intensificou a polarização já instalada entre os poderes.
Em paralelo à saída do hospital, vídeos registrando o momento foram amplamente compartilhados nas redes sociais e portais de notícia, fortalecendo ainda mais a narrativa dos apoiadores de que Bolsonaro segue como liderança política relevante. Muitos consideraram o gesto de acenar ao público como simbólico e indicativo de que, mesmo debilitado, o ex-presidente busca se manter presente na esfera pública. O momento gerou comoção, com pessoas chorando e rezando em frente ao hospital, em cenas que lembram outros episódios marcantes da trajetória política de Bolsonaro desde 2018.
Ainda que oficialmente sem cargo eletivo, Bolsonaro tem sido presença constante nas pautas de jornais e redes sociais. Sua defesa jurídica trabalha para evitar novas ordens judiciais, enquanto seu grupo político procura manter a militância mobilizada. O episódio da saída hospitalar contribuiu para reforçar essa estratégia, colocando novamente o nome de Bolsonaro no centro do debate nacional.
A agenda do ex-presidente nos próximos dias ainda não foi divulgada. Espera-se que ele permaneça em repouso pelos próximos dias, sob orientação médica, antes de retomar gradualmente suas atividades. Assessores próximos reforçam que Bolsonaro está determinado a continuar participando da política nacional, ainda que em ritmo reduzido por conta das limitações de saúde.
Enquanto seus opositores seguem atentos aos desdobramentos jurídicos e políticos, seus seguidores mantêm a esperança de vê-lo novamente na linha de frente das disputas eleitorais. A saída do hospital, sob aplausos e gritos de incentivo, serviu como mais um capítulo da longa e conturbada trajetória de Jair Bolsonaro, que segue como figura central no cenário político brasileiro.