A greve de fome teve início na quarta-feira, 9 de abril, e Glauber prometeu manter sua decisão até que o plenário da Câmara vote o seu destino. A cena que chamou a atenção do público e da imprensa ocorreu durante a visita dos três aliados políticos. Gleisi, Lindbergh e Sidônio, sentados no chão ao lado de Glauber, que repousava sobre um colchão improvisado, buscaram demonstrar apoio em um momento crítico para o deputado do PSOL. A imagem, entretanto, foi recebida com descrédito por parte de adversários políticos e por parte da opinião pública, que interpretou o gesto como encenação.
A tentativa de transformar o episódio em um momento de comoção pública acabou gerando o efeito oposto. Para muitos, o simbolismo da cena perdeu força diante da reputação dos envolvidos. Gleisi Hoffmann, presidente do PT, Lindbergh Farias, ex-senador e também ligado ao partido, e Sidônio Palmeira, marqueteiro político que atuou em campanhas do PT, acabaram virando alvos de críticas nas redes sociais e em veículos de imprensa alinhados à oposição. A crítica mais mordaz partiu do deputado Nikolas Ferreira, que ironizou a greve de fome com uma frase curta: “Glauber fica... em casa.”
O protesto de Glauber Braga ocorre em um momento em que o PSOL tenta se posicionar como uma força de resistência ao que seus parlamentares chamam de perseguição política. O próprio Glauber, em suas manifestações públicas, argumenta que está sendo alvo de um processo injusto, motivado por sua atuação combativa dentro da Câmara. No entanto, o avanço quase unânime do parecer no Conselho de Ética sugere que a leitura do caso entre seus pares não é a mesma. A decisão do conselho agora segue para apreciação no plenário, onde a cassação ou não do mandato será decidida por maioria absoluta.
A cena protagonizada no plenário da Câmara reacende o debate sobre os limites do simbolismo político e os métodos utilizados para sensibilizar a opinião pública. A greve de fome, uma ferramenta historicamente associada a lutas sociais, direitos civis e contextos de opressão, passou a ser vista por críticos do deputado como um artifício midiático que deslegitima a seriedade do próprio recurso. O gesto, ao invés de provocar empatia, acabou sendo tratado com escárnio em diversos setores da mídia e por opositores.
A visita de solidariedade também traz à tona o papel da esquerda parlamentar em um momento em que figuras como Gleisi e Lindbergh buscam manter relevância política em meio às crises que atingem o governo federal e o Partido dos Trabalhadores. O envolvimento de Sidônio Palmeira na cena reforça a percepção de que o ato foi cuidadosamente pensado para ser uma peça de comunicação, com apelo emocional, mas falhou em conquistar a narrativa pública de maneira positiva.
O episódio ainda levanta questões sobre a efetividade das estratégias políticas em tempos de intensa polarização. A teatralização de conflitos e o uso de imagens de sofrimento como forma de comunicação política têm sido práticas recorrentes, mas seu impacto real nas decisões institucionais permanece limitado. No caso de Glauber Braga, o desfecho dependerá menos da encenação e mais da articulação política nos bastidores da Câmara.
Por enquanto, Glauber segue em greve de fome, acompanhado por seus aliados mais próximos, enquanto a Câmara se prepara para votar seu futuro político. A cena, embora marcante, pode não ter o peso desejado na hora da decisão final.