Antes da cirurgia, Bolsonaro envia mensagem a deputados sobre anistia

LIGA DAS NOTÍCIAS

Horas antes de passar por uma cirurgia delicada no intestino, o ex-presidente Jair Bolsonaro enviou uma mensagem a deputados e senadores, neste domingo, 13 de abril de 2025, pedindo apoio ao Projeto de Lei da Anistia para os condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023. A mensagem, enviada diretamente a parlamentares com os quais Bolsonaro mantém proximidade, também expressa sua contrariedade a propostas de redução de pena como alternativa à anistia completa. O conteúdo da comunicação foi revelado por fontes próximas ao ex-presidente e reforça a articulação política em torno do tema, que segue sendo um dos mais sensíveis no cenário político nacional.


No texto dirigido aos congressistas, Bolsonaro cita nominalmente o caso de Débora, conhecida como "Débora Batom", uma das condenadas pelos ataques às sedes dos Três Poderes. A pena de Débora foi fixada em 14 anos de prisão, mas há discussões em andamento sobre a possibilidade de redução dessa pena para 10 anos, como tentativa de conciliação entre os que pedem punição rigorosa e os que defendem a anistia. Para o ex-presidente, qualquer pena é injusta diante do que ele classifica como um "crime impossível", expressão que ele utiliza para argumentar que não haveria base concreta para a condenação.


A movimentação de Bolsonaro ocorre em um momento crítico para ele próprio. Neste domingo, o ex-presidente deu entrada em um hospital particular de Brasília para ser submetido a uma laparostomia exploratória, procedimento cirúrgico realizado com o objetivo de investigar e tratar possíveis complicações intestinais. A necessidade da cirurgia já vinha sendo avaliada por sua equipe médica nos últimos dias, devido a dores abdominais recorrentes e histórico de intervenções na região, decorrentes da facada que sofreu em 2018. A assessoria de Bolsonaro divulgou nota informando que o procedimento é delicado, mas considerado necessário, e que o ex-presidente se encontra sob cuidados intensivos.


A mensagem de Bolsonaro também ocorre num contexto político de crescente tensão entre aliados do ex-presidente e o Supremo Tribunal Federal, especialmente o ministro Alexandre de Moraes, relator dos processos relacionados aos eventos de 8 de janeiro. Fontes ligadas ao entorno de Bolsonaro afirmam que a proposta de anistia tem ganhado apoio em setores conservadores do Congresso, mas enfrenta resistência de partidos do centro e da esquerda, que consideram qualquer forma de perdão uma afronta ao Estado democrático de direito.


O apelo feito por Bolsonaro, ainda que em meio a um momento de fragilidade pessoal, reforça sua estratégia de manter influência política ativa, mesmo fora do cargo e diante de problemas de saúde. Para seus apoiadores, a causa da anistia se tornou uma bandeira central, vista como um ato de justiça para pessoas que, segundo eles, foram levadas por emoção e desinformação a participar das manifestações extremas que culminaram na invasão dos prédios públicos.


Do lado oposto, parlamentares e juristas argumentam que o perdão judicial aos envolvidos poderia abrir um perigoso precedente, comprometendo a responsabilização penal de atos contra a ordem democrática. A polarização em torno do tema tem provocado debates acalorados no Congresso Nacional, com sessões tumultuadas e pronunciamentos intensos.


Enquanto isso, a internação de Bolsonaro mobilizou seus apoiadores nas redes sociais, com milhares de mensagens desejando sua recuperação. Ainda não há previsão oficial para sua alta, mas a equipe médica divulgou boletim indicando que a cirurgia transcorre dentro do esperado. A evolução do quadro de saúde do ex-presidente será acompanhada de perto não apenas por seus seguidores, mas também por adversários atentos aos desdobramentos políticos que sua presença — ou ausência — pode provocar nos próximos dias.


Bolsonaro segue sendo uma figura central na política brasileira, mesmo fora do poder. A iniciativa de enviar uma mensagem a parlamentares poucas horas antes de um procedimento cirúrgico evidencia o peso simbólico e estratégico que ele atribui ao tema da anistia. Resta saber se o Congresso, diante de um país ainda dividido sobre os eventos de 8 de janeiro, dará andamento ao projeto ou se manterá a linha dura adotada até agora pelo Judiciário.


A semana promete ser decisiva para os rumos dessa discussão, e os próximos movimentos, tanto no plenário quanto fora dele, serão acompanhados com atenção por todos os setores políticos. A mensagem de Bolsonaro, curta e direta, entra para o já longo histórico de embates institucionais que marcam sua trajetória e continuam a influenciar o debate nacional.

Tags

#buttons=(Accept !) #days=(20)

Nosso site usa cookies para melhorar sua experiência. Check Now
Accept !