Prisão preventiva da mulher que manchou estátua com batom no 8/1 chegará a 2 anos

LIGA DAS NOTÍCIAS

Na próxima semana, a prisão preventiva de Débora dos Santos, cabeleireira de Paulínia, no interior de São Paulo, completará dois anos. Ela foi detida após se envolver no ataque aos prédios dos Três Poderes em Brasília, no dia 8 de janeiro de 2023, em um episódio que mobilizou o país e gerou uma série de investigações. Débora, de 39 anos, se tornou um dos rostos mais conhecidos desse movimento radical, especialmente depois de ser fotografada escrevendo com batom a frase “perdeu, mané” na estátua de Têmis, em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF). O momento foi registrado por uma fotógrafa da Folha de S.Paulo e rapidamente se espalhou pela mídia, tornando-se um símbolo das ações daquele dia.


A prisão de Débora foi realizada pela Polícia Federal em 17 de março de 2023, como parte da 8ª fase da operação Lesa Pátria, um esforço coordenado para identificar e prender aqueles que participaram diretamente dos ataques de janeiro. Durante mais de um ano, a cabeleireira permaneceu em detenção sem que houvesse uma acusação formal contra ela. Somente em 7 de julho de 2024, depois que o jornal Oeste divulgou a situação, a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou a denúncia, o que gerou grande repercussão na imprensa.


O fato de a acusação só ter sido formalizada mais de um ano após a prisão levantou questionamentos sobre a demora e a validade do processo. No entanto, em 9 de agosto de 2024, a 1ª Turma do STF decidiu que Débora seria julgada e se tornaria ré, o que deu início a um novo capítulo em sua jornada judicial. Recentemente, os advogados de defesa de Débora apresentaram as alegações finais, mas ainda não há uma data definida para o julgamento. Caso seja condenada, ela pode enfrentar uma pena de até 17 anos de prisão.


A defesa da cabeleireira, ao longo do processo, tem tentado obter a liberdade de Débora, argumentando que ela é mãe de dois filhos menores, com idades de 6 e 9 anos. Em diversas ocasiões, os advogados solicitaram a prisão domiciliar, alegando que a separação de Débora de suas crianças causa um impacto psicológico negativo nos menores. Porém, essas solicitações foram negadas pelo relator do caso, o ministro Alexandre de Moraes, que justificou sua decisão com base na alegação de que Débora apresenta "periculosidade social", algo que reflete a gravidade dos atos cometidos durante os protestos.


A história de Débora é marcada pela busca por justiça e também pela solidariedade de sua família e de alguns parlamentares. Casada com o pintor Nilton Cesar, ela tem dois filhos, que, em um gesto de desespero, gravaram um vídeo pedindo a soltura de sua mãe. O apelo ganhou destaque nas redes sociais, sendo compartilhado por parlamentares, como os deputados Gustavo Gayer (PL-GO) e Bia Kicis (PL-DF), que expressaram publicamente apoio à causa. Gayer, inclusive, fez declarações afirmando que aqueles que estavam por trás da prisão de Débora e outros acusados iriam "pagar por isso", evidenciando a polarização que o caso gerou.


Além disso, Débora tem um perfil religioso, sendo membro da Igreja Adventista do 7º Dia, o que também foi abordado pelos advogados como um fator que deveria ser considerado na hora de avaliar sua situação. O fato de ser uma pessoa que tinha uma vida pacata e voltada para a família, até o momento do envolvimento com os atos do 8 de janeiro, trouxe complexidade ao caso, dividindo opiniões sobre sua real responsabilidade nos eventos.


A prisão preventiva de Débora dos Santos, portanto, se tornou um dos episódios mais simbólicos e controversos do período pós-8 de janeiro. A reação pública à sua detenção varia entre aqueles que a consideram uma culpada pelos atos de vandalismo e aqueles que defendem sua liberação, apontando que ela não representaria um risco real à ordem pública. Como o julgamento ainda não aconteceu, o caso permanece em aberto, e muitas pessoas aguardam com expectativa as decisões que serão tomadas pelas instâncias superiores.

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