A prisão de Débora foi realizada pela Polícia Federal em 17 de março de 2023, como parte da 8ª fase da operação Lesa Pátria, um esforço coordenado para identificar e prender aqueles que participaram diretamente dos ataques de janeiro. Durante mais de um ano, a cabeleireira permaneceu em detenção sem que houvesse uma acusação formal contra ela. Somente em 7 de julho de 2024, depois que o jornal Oeste divulgou a situação, a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou a denúncia, o que gerou grande repercussão na imprensa.
O fato de a acusação só ter sido formalizada mais de um ano após a prisão levantou questionamentos sobre a demora e a validade do processo. No entanto, em 9 de agosto de 2024, a 1ª Turma do STF decidiu que Débora seria julgada e se tornaria ré, o que deu início a um novo capítulo em sua jornada judicial. Recentemente, os advogados de defesa de Débora apresentaram as alegações finais, mas ainda não há uma data definida para o julgamento. Caso seja condenada, ela pode enfrentar uma pena de até 17 anos de prisão.
A defesa da cabeleireira, ao longo do processo, tem tentado obter a liberdade de Débora, argumentando que ela é mãe de dois filhos menores, com idades de 6 e 9 anos. Em diversas ocasiões, os advogados solicitaram a prisão domiciliar, alegando que a separação de Débora de suas crianças causa um impacto psicológico negativo nos menores. Porém, essas solicitações foram negadas pelo relator do caso, o ministro Alexandre de Moraes, que justificou sua decisão com base na alegação de que Débora apresenta "periculosidade social", algo que reflete a gravidade dos atos cometidos durante os protestos.
A história de Débora é marcada pela busca por justiça e também pela solidariedade de sua família e de alguns parlamentares. Casada com o pintor Nilton Cesar, ela tem dois filhos, que, em um gesto de desespero, gravaram um vídeo pedindo a soltura de sua mãe. O apelo ganhou destaque nas redes sociais, sendo compartilhado por parlamentares, como os deputados Gustavo Gayer (PL-GO) e Bia Kicis (PL-DF), que expressaram publicamente apoio à causa. Gayer, inclusive, fez declarações afirmando que aqueles que estavam por trás da prisão de Débora e outros acusados iriam "pagar por isso", evidenciando a polarização que o caso gerou.
Além disso, Débora tem um perfil religioso, sendo membro da Igreja Adventista do 7º Dia, o que também foi abordado pelos advogados como um fator que deveria ser considerado na hora de avaliar sua situação. O fato de ser uma pessoa que tinha uma vida pacata e voltada para a família, até o momento do envolvimento com os atos do 8 de janeiro, trouxe complexidade ao caso, dividindo opiniões sobre sua real responsabilidade nos eventos.
A prisão preventiva de Débora dos Santos, portanto, se tornou um dos episódios mais simbólicos e controversos do período pós-8 de janeiro. A reação pública à sua detenção varia entre aqueles que a consideram uma culpada pelos atos de vandalismo e aqueles que defendem sua liberação, apontando que ela não representaria um risco real à ordem pública. Como o julgamento ainda não aconteceu, o caso permanece em aberto, e muitas pessoas aguardam com expectativa as decisões que serão tomadas pelas instâncias superiores.