O conteúdo do manifesto está sendo finalizado e denuncia, segundo os organizadores, um crescente “estado de exceção” no país, além de práticas de censura e perseguição política, com críticas direcionadas especialmente ao Judiciário brasileiro. Os advogados envolvidos no movimento veem as ações do Supremo Tribunal Federal (STF) como abusivas e parte de uma estratégia de controle político, que consideram incompatível com o regime democrático.
O Movimento Advogados de Direita tem se destacado como uma reação ao grupo Prerrogativas, composto por juristas com perfil progressista, que mantêm uma postura crítica à Operação Lava Jato e são aliados do atual governo de Luiz Inácio Lula da Silva. O grupo Prerrogativas, amplamente associado a figuras de esquerda, também tem sido alvo de críticas por sua atuação dentro do cenário político e jurídico nacional, especialmente em relação ao enfrentamento com a Operação Lava Jato, considerada por muitos como um marco na luta contra a corrupção.
De acordo com as lideranças do Movimento Advogados de Direita, o manifesto é uma forma de denunciar o que consideram um abuso por parte do Judiciário, no qual estariam se utilizando as instituições para fins políticos, e não para garantir a justiça e o equilíbrio institucional. Em um cenário de polarização crescente, o apoio a Bolsonaro tem ganhado força entre segmentos da sociedade que acreditam que ele vem sendo alvo de um processo judicial com motivações políticas. Este movimento surge também em um contexto de tensões políticas que envolvem o ex-presidente e o atual governo, além de uma agenda de crítica ao STF e seus membros.
No último mês, Bolsonaro, que continua sendo uma figura central no cenário político brasileiro, se pronunciou com indignação após ser formalmente incluído como réu no processo que investiga o golpismo relacionado ao 8 de janeiro, dia em que ocorreram os ataques às sedes dos Três Poderes em Brasília. Em suas declarações, o ex-presidente afirmou que houve um uso indevido do sistema judiciário para alterar o resultado das eleições de 2022 e que tais ações são parte de uma perseguição política em curso. Segundo ele, as eleições de 2026 já estão sendo manipuladas, com uma estrutura política e judicial que favorece um resultado previamente definido, similar ao que ocorreu no pleito de 2022.
Essas acusações de Bolsonaro, por sua vez, estão sendo amplificadas por figuras políticas e intelectuais ligados ao movimento conservador, que buscam deslegitimar as acusações contra o ex-presidente, argumentando que as investigações são motivadas por interesses partidários e ideológicos. Alguns desses grupos têm inclusive alertado para o que consideram uma tentativa de censura àqueles que se opõem ao governo atual. O livro “O Fantasma do Alvorada - A Volta à Cena do Crime”, que critica o atual governo e faz acusações contra a justiça eleitoral, tem sido alvo de censura e, de acordo com seus autores, enfrenta a ameaça de ser retirado das prateleiras devido à sua postura crítica..
O lançamento do manifesto e o apoio à figura de Bolsonaro refletem uma parcela da sociedade que acredita que o ex-presidente está sendo injustamente perseguido, e que a liberdade de expressão e a independência dos poderes estão sendo colocadas em risco. A articulação do movimento, com o apoio de advogados e figuras da direita brasileira, visa também mobilizar a população em torno de temas como a liberdade política e a defesa das instituições democráticas contra o que veem como uma crescente centralização de poder e manipulação institucional.
A tensa relação entre o ex-presidente e o STF continua a ser um dos principais pontos de conflito no cenário político brasileiro, com acusações mútuas de abuso de poder e subversão da democracia. Com a crescente mobilização de juristas conservadores e figuras políticas, o clima de polarização tende a se intensificar, enquanto o Brasil aguarda os próximos desdobramentos judiciais e políticos que podem moldar o futuro do país. O manifesto, ao ser divulgado, terá um papel importante nessa dinâmica, representando uma expressão de resistência a um sistema que, segundo seus defensores, estaria comprometido com a preservação de uma ordem política que não respeita as liberdades individuais e democráticas.