Os consulados que estão na mira do corte incluem representações em cidades como Florença, na Itália, Estrasburgo, na França, Hamburgo, na Alemanha, e Ponta Delgada, em Portugal. Além disso, fontes indicaram que um consulado no Brasil também seria fechado, embora ainda não tenha sido confirmada a cidade afetada. Os Estados Unidos mantêm consulados em várias cidades brasileiras, como Recife, Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo, além de um escritório da embaixada em Belo Horizonte. A redução no número de representações diplomáticas está gerando preocupações em relação à capacidade do país de monitorar questões de segurança, direitos humanos e promover relações comerciais e políticas com diversas nações.
Os postos diplomáticos dos EUA desempenham papéis importantes em diversas áreas, incluindo inteligência, saúde, comércio, e segurança. Esses consulados também são responsáveis por fortalecer a democracia e colaborar em esforços humanitários. A decisão de reduzir o número de representações pode prejudicar o trabalho dessas instituições, além de reduzir a presença americana em regiões-chave, como a Europa, onde a diplomacia tradicionalmente tem sido um pilar para a manutenção de alianças. A China, por sua vez, tem ampliado sua presença diplomática global, superando os Estados Unidos no número total de postos diplomáticos, com 274 contra 271 dos americanos, o que coloca a potência asiática em uma posição estratégica mais vantajosa em várias regiões do mundo.
A política de redução no Departamento de Estado também tem sido acelerada por uma equipe de consultores liderados por Elon Musk, que tem sido uma figura central em um movimento para reduzir o que é visto como desperdício no governo dos EUA. Um dos membros dessa equipe, Edward Coristine, um engenheiro de 19 anos, foi designado para ajudar a implementar os cortes orçamentários no Departamento de Estado. Segundo fontes próximas à administração, o objetivo é reduzir o orçamento da diplomacia americana em até 20%, com a justificativa de otimizar recursos e alinhar melhor as operações do governo com as necessidades internas.
Além disso, o plano de corte tem gerado inquietação dentro de várias agências governamentais. A CIA, por exemplo, depende em grande parte de embaixadas e consulados para a distribuição de seus agentes de inteligência, que utilizam vistos diplomáticos para suas operações. O fechamento de postos pode dificultar a atuação da agência, que perderia pontos estratégicos para seu trabalho no campo da espionagem e da coleta de informações. A medida também afeta a força de trabalho local em diversas representações americanas no exterior, já que muitos funcionários locais desempenham um papel fundamental no fornecimento de informações cruciais para os diplomatas. Estima-se que dois terços do pessoal nas representações americanas em outros países seja composto por funcionários estrangeiros.
O impacto dessa decisão é ainda mais significativo em um momento de transição no Departamento de Estado, com um número crescente de diplomatas de carreira deixando seus cargos. Apenas nos dois primeiros meses de 2025, cerca de 700 funcionários, sendo 450 deles diplomatas de carreira, entregaram suas cartas de demissão. A escassez de funcionários experientes e a pressão por cortes de orçamento tornam o cenário ainda mais desafiador para a diplomacia americana. Em fevereiro de 2025, o secretário de Estado Marco Rubio enviou um memorando aos chefes de missão, solicitando que mantivessem o pessoal nos postos estrangeiros "no mínimo necessário" e abolisse quaisquer vagas vacantes por mais de dois anos, uma medida que contribui para a diminuição da presença diplomática dos EUA.
A decisão de reduzir a presença diplomática internacional ocorre em um contexto de crescente rivalidade com a China, que tem investido pesadamente na expansão de suas relações globais, especialmente na Ásia e na África. A capacidade dos Estados Unidos de manter alianças estratégicas e influenciar decisões políticas em várias partes do mundo pode ser enfraquecida com a diminuição de sua representação diplomática e a diminuição de recursos no exterior. A medida também reflete uma mudança mais ampla na política externa americana, que tem se afastado de compromissos internacionais tradicionais e focado em questões internas, mas que pode ter repercussões duradouras para o papel dos EUA no cenário global.
À medida que os cortes no Departamento de Estado continuam a ser implementados, a capacidade dos Estados Unidos de enfrentar desafios globais e sustentar sua rede de alianças será um ponto de vigilância importante para analistas e líderes internacionais. O fechamento de consulados e postos diplomáticos pode marcar o início de uma nova fase na diplomacia americana, com consequências difíceis de prever para o futuro da política externa dos EUA.