A primeira manifestação, marcada para o Rio de Janeiro, já contava com o apoio de diversos grupos ligados ao ex-presidente. No entanto, em um movimento inesperado, o ato convocado para Belo Horizonte foi cancelado, apesar de contar com a adesão do deputado federal Nikolas Ferreira, aliado de Bolsonaro. O parlamentar havia inicialmente informado que o evento não aconteceria, levando à desistência de protestos em outras capitais.
Em São Paulo, apesar das orientações do ex-presidente, a mobilização para o dia 16 de março continua de pé. A deputada federal Carla Zambelli, uma das principais defensoras do ex-presidente, manteve sua convocação para o ato na Avenida Paulista. Zambelli afirmou que a manifestação em São Paulo seria um momento importante para que a cidade participasse ativamente da defesa da liberdade de expressão e da anistia aos condenados pelo 8 de janeiro. Para ela, a decisão de Bolsonaro de não proibir o evento não impediu sua realização, sendo, assim, uma ação legítima para quem se sente chamado a protestar.
O Partido Novo, que historicamente tem sido um aliado do ex-presidente, também se posicionou favoravelmente à causa, mas, ao contrário de outros grupos, preferiu não se envolver na organização direta dos atos. A legenda optou por apoiar as manifestações de 16 de março, mas com a ressalva de que não participaria da coordenação do evento. Além disso, o Partido Novo tem dado respaldo à mobilização agendada para abril, na Avenida Paulista, considerando-a como uma resposta à crescente pressão contra a anistia, especialmente por parte de movimentos alinhados à esquerda, que organizam protestos contra a ideia de dar perdão aos envolvidos nos episódios de violência de janeiro de 2023.
A proposta de anistia para os condenados pelo 8 de janeiro está atualmente em tramitação na Câmara dos Deputados, onde foi enviada a uma comissão especial. No entanto, até o momento, a proposta não tem uma data definida para ser apreciada, o que tem gerado incertezas sobre seu futuro. A oposição, por sua vez, alega já possuir votos suficientes para aprovar a medida, mas depende de uma conjuntura favorável e de uma vontade política mais sólida para que o projeto avance. O governo atual, por outro lado, se mostra contrário à anistia, com setores da esquerda e da oposição mobilizando-se ativamente contra essa proposta.
De acordo com informações de parlamentares, as manifestações da direita podem ter um papel crucial na aceleração do processo de discussão e aprovação do projeto de lei. A pressão popular nas ruas é vista por muitos como uma forma de dar visibilidade à causa e reforçar a pressão sobre os parlamentares, que poderiam se sentir mais inclinados a votar a favor do projeto diante do cenário de mobilização popular.
A proposta de anistia é um dos temas mais polêmicos do atual cenário político brasileiro, dividindo opiniões entre aqueles que defendem a concessão de perdão aos envolvidos nos atos de janeiro, sob o argumento de que a medida ajudaria a promover a pacificação nacional, e aqueles que consideram que tal ato representaria um risco à justiça e à manutenção da ordem democrática no país. A polarização sobre o tema está refletida tanto nas discussões no Congresso quanto nas manifestações nas ruas, onde grupos de diferentes ideologias têm se mobilizado de formas distintas, com os partidários de Bolsonaro buscando apoio para a anistia e seus opositores tentando barrar a proposta a todo custo.
À medida que se aproximam as datas das mobilizações, a expectativa é de que o debate sobre a anistia continue a intensificar-se, com os protestos de março e abril sendo apenas um reflexo das tensões políticas em curso no país. A decisão do Congresso em relação à proposta de anistia pode ter um impacto significativo sobre o cenário político brasileiro, afetando não apenas a relação entre governo e oposição, mas também a confiança das instituições democráticas e a percepção da sociedade sobre a justiça e a liberdade de expressão no Brasil.