Coreia do Norte suspende entrada de visitantes estrangeiros

LIGA DAS NOTÍCIAS

A Coreia do Norte tomou a decisão de suspender temporariamente a entrada de turistas estrangeiros ocidentais, interrompendo um período de reabertura que havia sido iniciado recentemente. Esta suspensão ocorre após uma breve fase de liberação das visitas, que começou no mês passado, após um longo período de fechamento de fronteiras imposto pelo regime norte-coreano em resposta à pandemia. Embora as visitas tenham sido retomadas de maneira limitada, o regime de Pyongyang havia autorizado, até então, a entrada de alguns grupos internacionais, com foco na cidade de Rason, localizada no nordeste do país.


A zona de Rason, onde o regime permite essas visitas, é uma área estratégica, conhecida por ser uma zona econômica especial. Esta reabertura, embora restrita, representou o primeiro sinal de maior abertura do país ao turismo internacional desde o fechamento de suas fronteiras, que durou mais de três anos. Durante esse período, apenas pequenos grupos de turistas russos haviam sido autorizados a visitar o país, desde setembro de 2023.


A agência de turismo Koryo Tours, especializada em viagens à Coreia do Norte e com sede na China, informou aos seus clientes que as visitas para Rason haviam sido “temporariamente encerradas”. A empresa, que realiza viagens organizadas para o país, anunciou através de seu site que estava tentando entender a razão por trás dessa suspensão. A operadora, que é uma das mais conhecidas no setor, chegou a organizar excursões em grupo para o destino, permitindo que os turistas visitassem locais como escolas, fábricas e até mesmo um banco. Além disso, a agência estava oferecendo a oportunidade de participar da Maratona Internacional de Pyongyang, programada para o dia 6 de abril deste ano, um evento significativo para a capital norte-coreana, realizado pela primeira vez em seis anos.


Outro grande operador turístico, a Young Pioneer Tours, também anunciou a suspensão das suas viagens a Rason. A agência, igualmente com base na China e especializada em viagens para a Coreia do Norte, informou através de suas redes sociais que a decisão de interromper as visitas havia sido tomada após uma comunicação de seus parceiros norte-coreanos. A notícia pegou os operadores de surpresa, pois a abertura do país para o turismo, mesmo que restrita a uma pequena área como Rason, havia gerado especulações sobre a possibilidade de uma maior liberação para visitantes de outras partes do mundo.


A reabertura gradual de Rason havia alimentado expectativas de que o regime de Kim Jong-un poderia permitir a entrada de turistas em outras regiões do país. O turismo é visto como uma importante fonte de receita em moedas fortes para a Coreia do Norte, além de servir como uma ferramenta de propaganda para o regime, que busca mostrar ao mundo uma imagem diferente daquela frequentemente associada ao país. Além disso, a presença de turistas estrangeiros é considerada uma oportunidade de aumentar a visibilidade internacional e, ao mesmo tempo, promover uma narrativa controlada sobre as condições e o progresso do país.


Apesar do interesse crescente no turismo na Coreia do Norte, o país permanece fechado para grande parte do mundo, com rigorosas restrições para visitantes ocidentais. A decisão de suspender as visitas, embora tenha sido tomada em um momento de cautela, evidencia o controle rígido que o regime mantém sobre a entrada de estrangeiros e a sua relutância em permitir a livre circulação dentro de seu território.


A situação atual gerou incerteza no setor de turismo especializado em viagens para a Coreia do Norte. Operadoras e agências de viagem, como a Koryo Tours e a Young Pioneer Tours, aguardam mais informações sobre a continuidade das visitas no futuro. As incertezas em relação à política de reabertura e à duração da suspensão das visitas podem impactar os planos de agendamento de turistas que esperavam a oportunidade de conhecer o país, em uma de suas poucas fases de relativa abertura ao mundo exterior.


A decisão de encerrar temporariamente as visitas a Rason também levanta questões sobre a evolução das políticas do regime em relação à pandemia e o controle sobre o turismo, um setor que, embora limitado, continua a ser uma importante fonte de intercâmbio e receitas para o regime de Pyongyang. O fechamento da fronteira, que já havia sido prolongado por mais de três anos, refletiu uma postura de isolamento em relação à pandemia, mas também destacou o endurecimento do controle sobre a população e o acesso ao país, ainda que, ocasionalmente, haja uma brecha para o turismo estrangeiro.


Com isso, a Coreia do Norte permanece um dos destinos mais enigmáticos e restritivos do mundo, onde cada movimento de abertura, como a reabertura de Rason para visitantes internacionais, gera especulações e expectativas, mas também demonstra as dificuldades e os desafios enfrentados pelo regime ao lidar com o isolamento e a busca por recursos internacionais.

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