A Rumble se tornou um ponto de encontro para várias figuras políticas e personalidades conservadoras, particularmente em solo americano. No Brasil, a plataforma atraiu nomes como Monark, Rodrigo Constantino e Allan dos Santos, que, após a determinação de Moraes, quando ele presidia o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de bloquear seus perfis nas redes sociais tradicionais, migraram para a plataforma. Essa movimentação se deu após o ministro autorizar, em 2023, o bloqueio das contas de diversas figuras públicas ligadas ao conservadorismo. A própria Rumble foi desativada no Brasil por um tempo, especificamente no final de 2023, voltando somente em fevereiro de 2024.
Chris Pavlovski, empresário canadense e fundador do Rumble, é conhecido por sua defesa ferrenha da liberdade de expressão. Desde o lançamento da plataforma, em 2013, ele posicionou a rede social como uma alternativa mais permissiva em relação ao conteúdo que é postado. A proposta inicial da empresa foi criar um ambiente em que os usuários pudessem expressar suas opiniões sem a interferência de algoritmos, algo que as redes sociais tradicionais, como Facebook e Twitter, já eram criticadas por fazer. A Rumble se tornou ainda mais popular durante as eleições presidenciais nos Estados Unidos em 2020, quando passou a ser vista como um refúgio para aqueles que se sentiam censurados nas plataformas tradicionais.
A grande virada para a empresa aconteceu em 2021, quando ela se listou na Nasdaq, bolsa de valores dos Estados Unidos. Além disso, a Rumble recebeu um investimento significativo de 500 milhões de dólares da Narya Capital, uma empresa de capital de risco fundada por J.D. Vance, atual vice-presidente dos Estados Unidos. Esses investimentos ajudaram a Rumble a expandir suas operações, atraindo ainda mais usuários e tornando-se uma plataforma cada vez mais relevante no cenário político global.
O processo movido contra Alexandre de Moraes inclui alegações graves. A Rumble e o TMTG acusam o ministro de violar a Constituição americana ao ordenar o bloqueio de contas de influenciadores e personalidades brasileiras baseadas nos Estados Unidos, como o ex-colunista da Jovem Pan, Paulo Figueiredo. As alegações também apontam que Moraes teria solicitado, desde 2022, a suspensão de quase 150 contas de críticos do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Entre as vítimas dessas ordens, estariam não apenas jornalistas e políticos, mas também músicos e outros profissionais que se opõem ao governo atual.
Além disso, o processo também menciona o bloqueio do X (antigo Twitter), que ocorreu no ano de 2024, e acrescenta que essas ações de Moraes teriam impactado diretamente a liberdade de expressão nos Estados Unidos, uma vez que muitos dos alvos dessas ordens de bloqueio estavam fisicamente localizados no território norte-americano.
A decisão de desafiar Moraes não aconteceu em um vácuo. Ela foi tomada logo após a Procuradoria-Geral da República (PGR) ter apresentado uma denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. A denúncia, que gerou uma série de reações tanto a favor quanto contra Bolsonaro, parecia ter sido um catalisador para a ação judicial contra o ministro. Grupos e indivíduos ligados à direita brasileira e à oposição de Lula passaram a ver a Rumble como um espaço seguro para expressar opiniões políticas sem medo de censura.
A reação de Moraes e das autoridades brasileiras a esse processo deve ser acompanhada de perto, dado que a ação coloca em xeque não apenas a liberdade de expressão, mas também questões sobre a jurisdição de tribunais brasileiros sobre cidadãos e plataformas estrangeiras. A Rumble, por sua vez, tem se mostrado firme em sua posição, defendendo a ideia de que a censura, em qualquer forma, fere direitos constitucionais e deve ser contestada.
À medida que o processo avança, a atenção ao caso tende a crescer, especialmente porque ele envolve não apenas questões jurídicas complexas, mas também um debate mais amplo sobre o papel das redes sociais na política e na sociedade. A posição do governo brasileiro, liderado por Luiz Inácio Lula da Silva, em relação a esse caso, será crucial para definir os rumos desse confronto entre uma plataforma internacional e as autoridades brasileiras.