Em delação, Cid diz que Flávio Bolsonaro foi contra golpe; Eduardo, a favor

LIGA DAS NOTÍCIAS

O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, revelou em sua delação premiada que os filhos do ex-presidente tiveram posturas distintas em relação à suposta tentativa de golpe para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva em 2022. Segundo Cid, enquanto o senador Flávio Bolsonaro se posicionava contra qualquer iniciativa golpista, o deputado federal Eduardo Bolsonaro fazia parte de um grupo mais radical que defendia a ação para manter o pai no poder.


As declarações de Cid foram divulgadas após o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, retirar o sigilo do acordo de colaboração premiada do ex-ajudante de ordens. Com isso, os depoimentos do militar foram tornados públicos, trazendo à tona detalhes sobre os bastidores da suposta trama para reverter o resultado das eleições presidenciais.


De acordo com Cid, Eduardo Bolsonaro atuava ao lado de nomes como Filipe Martins, ex-assessor internacional da Presidência, e os ex-ministros Onyx Lorenzoni e Gilson Machado. Além deles, o grupo contava com o apoio do senador Jorge Seif e do também senador Magno Malta. O militar revelou que essas figuras formavam um núcleo que discutia possibilidades para impedir a transição de poder e manter Jair Bolsonaro na presidência.


Por outro lado, Flávio Bolsonaro, conforme apontou a delação, integrava um grupo mais moderado, que acreditava que o melhor caminho seria respeitar a derrota nas urnas e fortalecer Bolsonaro como líder da oposição. Entre os nomes que compartilhavam essa visão estavam o ex-advogado-geral da União, Bruno Bianco, e o ex-ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira. O grupo argumentava que um golpe de Estado não teria apoio suficiente e que a estratégia política deveria se concentrar na articulação para um futuro retorno ao poder por meio das eleições.


Com a delação de Cid, a Polícia Federal avançou nas investigações que culminaram no indiciamento de Jair Bolsonaro por suspeita de envolvimento no plano de golpe de Estado. A Procuradoria-Geral da República, por sua vez, denunciou 34 pessoas pelo caso, incluindo militares e aliados do ex-presidente.


O caso se tornou um dos mais impactantes do cenário político recente e pode ter consequências profundas tanto para Bolsonaro quanto para seus aliados. Flávio Bolsonaro, ao ser questionado sobre as declarações de Cid, afirmou que sempre defendeu a legalidade e que nunca apoiaria qualquer tentativa de ruptura institucional. Eduardo Bolsonaro, por sua vez, não se manifestou oficialmente sobre o assunto até o momento.


Analistas políticos apontam que a denúncia contra Bolsonaro e seus aliados pode alterar significativamente o cenário eleitoral para os próximos anos. Se condenado, o ex-presidente pode se tornar inelegível, o que abriria espaço para novas lideranças dentro da direita brasileira. Além disso, a delação de Cid coloca ainda mais pressão sobre outras figuras envolvidas, que podem buscar acordos para reduzir suas eventuais penalidades.


A decisão de Moraes de tornar públicas as declarações de Cid também gerou reações no meio político. Enquanto aliados de Bolsonaro acusam o ministro de perseguição, juristas avaliam que a divulgação das informações é fundamental para garantir a transparência das investigações. A sociedade agora aguarda os próximos passos da Justiça para entender quais serão as implicações jurídicas e políticas desse novo capítulo na crise envolvendo o ex-presidente e seus apoiadores.

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