Na noite do último sábado, 15 de fevereiro, a 60ª Delegacia de Polícia de Campos Elíseos, em Duque de Caxias, foi alvo de um ataque realizado por criminosos fortemente armados. A ação foi uma tentativa de resgate de dois traficantes presos horas antes: Rodolfo Manhães Viana, conhecido como Rato, chefe do tráfico da comunidade Vai Quem Quer, e seu braço direito, Wesley de Souza do Espírito Santo. Ambos haviam sido capturados em uma operação baseada em inteligência policial. O ataque, liderado por Joab da Conceição Silva, integrante da cúpula da facção criminosa, mobilizou dezenas de bandidos que tentaram invadir a delegacia para libertar seus comparsas, que já haviam sido transferidos para a Cidade da Polícia.
A ofensiva criminosa resultou em intensa troca de tiros entre policiais e bandidos. Durante o confronto, dois agentes foram baleados, mas receberam pronto atendimento no Hospital Adão Pereira Nunes e já tiveram alta. Um dos criminosos foi morto no tiroteio. A Polícia Civil agiu rapidamente, deflagrando uma operação de grande porte nas comunidades Vai Quem Quer, Rua 7, Santa Lúcia, Rasta e Rodrigues Alves, com o objetivo de capturar os envolvidos no atentado.
Durante a operação, seis criminosos foram presos e foram apreendidos uma granada e uma quantidade significativa de drogas. As autoridades informaram que solicitaram a transferência de Rodolfo Viana e Wesley de Souza para um presídio federal, a fim de evitar novas tentativas de resgate. A Secretaria de Segurança afirmou que as investigações continuam e que novas prisões devem ocorrer nos próximos dias.
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, usou suas redes sociais para se manifestar sobre o ocorrido. Em uma postagem, ele declarou que todos os envolvidos serão identificados e presos. Ainda aproveitou para enviar um recado direcionado a quem costuma criticar a ação policial em situações de confronto. Segundo ele, a resposta do Estado será firme, eficaz e dentro dos limites da lei, mas sem concessões a criminosos.
O ataque à delegacia evidencia o crescente poder das facções criminosas na Baixada Fluminense e o desafio enfrentado pelas forças de segurança no combate ao tráfico de drogas. A violência, que antes se concentrava nas comunidades, agora atinge diretamente instituições do Estado, como delegacias e batalhões. Esse tipo de ofensiva, segundo especialistas em segurança pública, é uma demonstração de força das facções e uma tentativa de intimidar as autoridades.
A Polícia Civil garantiu que a resposta ao ataque será proporcional à ousadia dos criminosos e que a segurança nas delegacias da região será reforçada. Além das prisões já realizadas, as equipes continuam em diligência para capturar outros membros da facção que participaram da tentativa de resgate. As investigações contam com o suporte de equipes de inteligência e monitoramento, que analisam imagens de câmeras de segurança e interceptações telefônicas para identificar todos os envolvidos.
Moradores de Duque de Caxias relataram momentos de pânico durante a noite do ataque, com rajadas de tiros sendo ouvidas de diferentes pontos do bairro. Muitos se abrigaram em casa e usaram as redes sociais para relatar o terror vivido. Apesar do clima de medo, alguns expressaram apoio à ação policial, destacando a importância de combater o tráfico com firmeza para restaurar a paz na comunidade.
O episódio acendeu o debate sobre a segurança pública no estado do Rio de Janeiro, com especialistas destacando a necessidade de fortalecer o sistema prisional e as políticas de inteligência para desarticular o poder das facções criminosas. Também ressurgiram discussões sobre a importância do investimento em programas sociais e na geração de oportunidades para os jovens das comunidades, como forma de prevenir o aliciamento pelo crime organizado.
O ataque à 60ª DP é mais um episódio que simboliza o cenário de guerra urbana que se instalou em diversas regiões do Rio de Janeiro. As autoridades asseguram que não recuarão diante da violência e que novas operações serão realizadas para desmantelar as facções que desafiam o poder do Estado. Enquanto isso, a população segue dividida entre o temor da violência e a esperança de dias mais seguros.