A decisão de Trump de retirar os Estados Unidos do conselho foi anunciada na terça-feira, com o argumento de que o órgão mantém um viés contra Israel e estaria envolvido com grupos que ameaçam sua segurança. O presidente norte-americano tem criticado duramente a atuação da ONU em relação ao Estado israelense e já havia tomado outras medidas para reduzir o apoio a programas da organização. Com a saída dos Estados Unidos, o financiamento destinado à Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina será suspenso, afetando diretamente os serviços humanitários oferecidos à população da Faixa de Gaza.
O chanceler Gideon Sa’ar usou suas redes sociais para elogiar a decisão de Trump e reforçar que Israel não reconhece mais a legitimidade do conselho. Segundo ele, o órgão não age de maneira imparcial e tradicionalmente protege governos que violam os direitos humanos, ao mesmo tempo em que concentra ataques contra a única democracia do Oriente Médio. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu também se manifestou, criticando duramente o conselho e acusando seus membros de promoverem o antissemitismo sob o pretexto de defender os direitos humanos. Netanyahu argumentou que Israel tem sido alvo constante de resoluções injustas e seletivas, enquanto regimes que violam direitos fundamentais recebem um tratamento mais brando ou são ignorados.
A saída de Israel do Conselho de Direitos Humanos da ONU ocorre em um contexto de intensificação das críticas internacionais à sua política na Faixa de Gaza. Nos últimos meses, o órgão tem emitido alertas sobre o uso excessivo da força contra civis palestinos e denunciado ações que considera desproporcionais no conflito. Por outro lado, Israel tem rebatido essas acusações e argumentado que suas operações são necessárias para garantir a segurança de sua população diante das ameaças representadas por grupos armados na região.
Uma das questões mais polêmicas envolvendo o conselho é o papel da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina, que fornece apoio humanitário a milhões de palestinos. No último ano, autoridades israelenses acusaram a agência de colaborar com grupos terroristas, incluindo o Hamas, e de facilitar operações que colocam em risco a segurança de Israel. Essas alegações foram usadas como justificativa para endurecer restrições ao financiamento da agência e ampliar a ofensiva diplomática contra as resoluções da ONU.
Com a saída dos Estados Unidos e de Israel, o Conselho de Direitos Humanos da ONU perde dois de seus críticos mais ferozes e enfrenta um cenário de questionamento sobre sua atuação. A decisão de Trump e Netanyahu pode fortalecer a posição de outros países que também manifestam desconfiança em relação ao órgão e impulsionar debates sobre possíveis reformas na estrutura das Nações Unidas. Por outro lado, organizações internacionais e grupos de direitos humanos alertam que a retirada de dois países influentes pode enfraquecer o debate sobre temas fundamentais e reduzir a capacidade da ONU de mediar conflitos e proteger populações vulneráveis.
A repercussão da decisão israelense ainda está sendo avaliada no cenário internacional, mas a medida deve gerar reações diversas entre os aliados de Israel e os países que apoiam o Conselho de Direitos Humanos. Enquanto algumas nações veem a saída como um protesto legítimo contra a parcialidade do órgão, outras consideram que a decisão enfraquece os esforços globais para garantir o respeito aos direitos fundamentais. Nos próximos meses, a relação entre Israel e a ONU pode se tornar ainda mais tensa, especialmente à medida que novos relatórios sobre a situação nos territórios palestinos sejam publicados e levados ao debate na comunidade internacional.