O ex-presidente, por sua vez, não demonstrou temor diante dessa perspectiva e, ao ser questionado, afirmou com firmeza que, apesar das acusações, ele precisa “enfrentar” o processo. Para Bolsonaro, o que está em jogo é sua inocência e a legitimidade das acusações que lhe são atribuídas. Em sua defesa, o ex-presidente argumenta que o devido processo legal não tem sido devidamente cumprido. Ele critica a forma como está sendo julgado, apontando que o Supremo Tribunal Federal (STF) está agindo de maneira direta e imediata, sem respeitar as normas processuais estabelecidas.
Bolsonaro também rebateu, de forma veemente, uma das acusações que mais ganham destaque nas investigações, a de danos ao patrimônio público. Segundo ele, tal acusação não faz sentido, já que, em 8 de janeiro, ele não estava nem mesmo no Brasil. Afirmou que não poderia ser responsabilizado por algo que ocorreu em seu país, quando estava em viagem para os Estados Unidos, e que, portanto, não tinha qualquer relação com os atos de destruição e vandalismo promovidos pelos manifestantes que invadiram as sedes dos três Poderes.
Ao ser perguntado sobre a possibilidade de ser preso, Bolsonaro não negou que há uma chance considerável disso acontecer, mas destacou que ainda há tempo para a situação mudar e que ele está preparado para lidar com o processo judicial. Afirmou que deve enfrentar as acusações de cabeça erguida, sem se esconder de uma possível prisão, caso o julgamento siga esse caminho. No entanto, questionou a base das acusações, especialmente a tentativa de caracterizá-lo como responsável por um crime armado, quando, segundo ele, nunca houve uma arma associada a qualquer ação sua.
Além disso, o ex-presidente se posicionou de forma contundente contra a tentativa de incriminá-lo em relação aos eventos de 8 de janeiro. Ao argumentar que não estava no Brasil no momento dos ataques aos prédios do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal e do Palácio do Planalto, ele reiterou sua inocência, ressaltando que não poderia ser responsabilizado por atos que ocorreram enquanto ele estava em solo estrangeiro. A justificativa reflete o questionamento de Bolsonaro sobre a lógica das acusações e a forma como elas estão sendo processadas pelas autoridades.
Neste contexto, Bolsonaro enfatizou que a situação é, em sua visão, um reflexo da politização da justiça no Brasil, alegando que, ao ser julgado diretamente pelo STF, ele está sendo alvo de um julgamento que não segue os trâmites legais que deveriam ser respeitados em um Estado de Direito. Para ele, o processo não é imparcial, e a corte tem se mostrado parte de um movimento político que visa enfraquecer sua figura pública e, talvez, prejudicar sua imagem de forma irreparável.
Ao longo da entrevista, o ex-presidente também fez questão de reafirmar sua posição de que está sendo perseguido por motivos políticos, uma narrativa que tem sido constante em sua defesa desde o início das investigações que envolvem seu nome. Bolsonaro alega que as acusações contra ele têm um caráter ideológico, e que é um reflexo de um processo de criminalização da oposição. Ele sustenta que, apesar das evidências e do julgamento popular, ele não cometeu qualquer crime que justifique sua prisão.
As declarações do ex-presidente geraram discussões e reações de diferentes setores da sociedade, especialmente entre os seus apoiadores e críticos. Enquanto seus aliados consideram suas palavras uma expressão de resistência e enfrentamento, seus adversários acusam-no de minimizar a gravidade das ações que ocorreram em janeiro, além de tentar distorcer os fatos para se eximir de qualquer responsabilidade.
A situação de Jair Bolsonaro segue sendo uma das mais discutidas no cenário político brasileiro, com muitos observando de perto os desdobramentos legais e judiciais que podem, eventualmente, levar a uma prisão. A continuidade das investigações e o julgamento pelo STF são os próximos capítulos dessa complexa trama, e a forma como Bolsonaro se posiciona diante das acusações será, sem dúvida, um fator determinante para o futuro político do ex-presidente.
Apesar das incertezas, Bolsonaro reafirma que, independentemente do que venha a ocorrer, ele está pronto para enfrentar os desafios, sem recuar ou permitir que o processo o intimide. Para ele, a principal questão continua sendo a clarificação das acusações e a proteção de sua honra, algo que, segundo suas palavras, só pode ser alcançado através do devido processo legal e da justiça imparcial.