As alegações feitas por Mauro Cid, que surgiram em 2023, envolvem uma acusação de que Michelle e seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, teriam incentivado o ex-presidente Jair Bolsonaro a orquestrar um golpe após sua derrota nas eleições de 2022 para Luiz Inácio Lula da Silva. Cid teria afirmado que a família Bolsonaro integrava um grupo mais radical, que acreditava que Bolsonaro poderia contar com apoio popular, incluindo dos CACs (caçadores, atiradores e colecionadores de armas), para tentar reverter o resultado da eleição. As declarações de Cid foram inicialmente publicadas pelo jornalista Elio Gaspari em veículos de grande circulação, como O Globo e Folha de S.Paulo, e logo confirmadas pelo Estadão.
Em sua resposta, Michelle Bolsonaro rejeitou as acusações e afirmou que as alegações feitas contra ela e sua família não são novas, já tendo sido ventiladas anteriormente em 2023, mas sem qualquer prova substancial para respaldá-las. Para ela, essa falta de evidências é um reflexo claro de que não há nada que a incrimine. Ela também destacou que tais acusações fazem parte de uma estratégia para desviar a atenção de problemas mais graves enfrentados pelo governo atual. Em sua nota, Michelle afirmou que as alegações têm como objetivo “ofuscar a repercussão positiva” de eventos como sua presença junto de seu filho Eduardo na posse de Donald Trump nos Estados Unidos, além de uma tentativa de diminuir a popularidade da oposição.
A ex-primeira-dama sugeriu ainda que os vazamentos de informações sigilosas, que nem mesmo os advogados dos investigados tiveram acesso, podem ser parte de uma manobra orquestrada para distrair a opinião pública. Segundo Michelle, a divulgação seletiva desses documentos e a cobertura midiática que parece seguir uma linha coordenada indicam um possível uso indevido da máquina pública. Ela comparou a situação a práticas observadas em outros países, como os Estados Unidos e a Venezuela, onde o uso político de investigações é frequentemente denunciado como uma forma de perseguir opositores. Ela se referiu a esse fenômeno como "weaponization" (armamento) da política, uma estratégia perigosa que atenta contra a Constituição e os direitos fundamentais.
Michelle também criticou a cobertura da mídia, afirmando que a disseminação de informações de maneira seletiva, sem provas, está sendo utilizada como ferramenta para atingir sua imagem e a do seu marido, o ex-presidente Jair Bolsonaro. Ela argumentou que esses vazamentos estão sendo usados para pressionar a oposição e deslegitimar figuras que se colocam contra o governo atual. Para ela, isso configura uma afronta aos princípios democráticos e constitucionais, atacando a liberdade de expressão e a integridade dos processos legais.
No último domingo, 26 de janeiro, Michelle Bolsonaro fez uma postagem irônica em suas redes sociais, brincando com as acusações. Ela compartilhou um story no Instagram com uma reportagem sobre a delação de Mauro Cid, que mencionava seu nome no contexto das alegações golpistas, e acompanhou a publicação com um áudio de risadas e uma figurinha de lágrimas derramando de xícaras, em um gesto de zombaria contra as acusações que a envolvem.
A polêmica em torno da delação de Mauro Cid continua a gerar debates no cenário político brasileiro. A acusação de que membros da família Bolsonaro tentaram incitar um golpe de Estado após a derrota nas eleições de 2022 foi uma das mais graves a surgir no contexto das investigações que se seguiram aos acontecimentos de janeiro daquele ano. Entretanto, até o momento, as alegações feitas por Cid não resultaram em ações concretas que possam comprovar a veracidade dos fatos narrados por ele. As investigações continuam em andamento, e a reação de Michelle Bolsonaro reflete a crescente tensão política entre a oposição e o governo, marcada por acusações de manipulação da informação e uso da máquina pública para fins políticos.
A ex-primeira-dama, que tem se destacado por seu papel à frente do PL Mulher, segue firme em sua posição de contestar as alegações e reafirmar que sua família jamais esteve envolvida em qualquer tentativa de subverter a ordem constitucional.