Lula fala com Putin por telefone e indica viagem à Rússia em maio

Caio Tomahawk


Na manhã desta segunda-feira (27/1), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manteve uma conversa telefônica com o presidente russo, Vladimir Putin. Durante a ligação, além de discutir questões internacionais, o líder brasileiro revelou sua intenção de viajar a Moscou em maio deste ano para participar das celebrações do 80º aniversário da vitória soviética na Segunda Guerra Mundial, marcada para o dia 9 de maio. Caso a viagem seja confirmada, será a primeira visita de Lula à Rússia no atual mandato presidencial.

O convite para a viagem foi feito pelo governo russo, que está organizando uma série de eventos para comemorar a data histórica. Lula, que já demonstrou interesse em estreitar relações com o país, indicou que a visita será uma oportunidade para fortalecer a cooperação bilateral. Em outubro de 2023, o presidente brasileiro havia planejado uma visita à Rússia para participar da Cúpula de Líderes do Brics, em Kazan, mas a viagem foi cancelada após Lula sofrer um acidente. Agora, com a possível ida a Moscou em maio, a viagem tem grande importância política, representando uma chance para o Brasil reafirmar sua presença nas discussões globais, especialmente em relação à segurança internacional.

Durante a conversa telefônica, os dois presidentes também trataram de outros temas internacionais, com destaque para a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, que já dura quase três anos. Lula expressou sua preocupação com o impacto do conflito e reiterou o compromisso do Brasil com a promoção da paz, segundo informou o Planalto. O governo brasileiro tem se mostrado favorável ao diálogo e à busca por uma solução pacífica para a guerra, uma posição que, até certo ponto, tem sido vista com certo ceticismo por líderes ocidentais, que exigem um posicionamento mais firme contra a Rússia.

Putin, por sua vez, agradeceu ao Brasil pela contribuição de países como o Brasil no esforço pela resolução do conflito, mencionando especificamente o trabalho do Grupo de Amigos da Paz, uma iniciativa lançada por Brasil e China na ONU, em setembro do ano passado. A atuação diplomática do Brasil tem sido uma constante no governo Lula, que, por meio de sua política externa, busca se apresentar como um mediador imparcial em diversas crises internacionais.

O contato entre os dois presidentes acontece poucos dias após o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, criticar publicamente a posição do Brasil no conflito, afirmando que o país perdeu a oportunidade de atuar como mediador entre as partes. A declaração foi feita durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, e gerou repercussões tanto no Brasil quanto no exterior. Zelensky, ao falar sobre a atuação de Lula, indicou que o Brasil poderia ter desempenhado um papel mais ativo na busca por uma resolução pacífica da guerra. Lula, por sua vez, tem se mantido firme em sua posição de que a solução para o conflito deve vir por meio do diálogo e da diplomacia.

Além do tema da guerra na Ucrânia, os dois líderes também discutiram outras questões de interesse bilateral. Entre os assuntos abordados, destacaram-se o lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, uma iniciativa promovida pelo Brasil durante sua presidência do G20, e a possibilidade de retomar a Comissão Bilateral de Alto Nível entre os dois países. Essa comissão visa aprofundar a cooperação econômica e política entre o Brasil e a Rússia, um passo importante para fortalecer os laços entre as duas nações. Também foi discutido o apoio russo à presidência do Brasil no Brics, um bloco de países emergentes do qual a Rússia faz parte e que, sob a liderança brasileira, tem buscado uma maior coordenação nas políticas globais.

Em outubro de 2023, os dois presidentes haviam conversado por telefone após Lula sofrer um acidente. Na ocasião, o estado de saúde do presidente brasileiro foi o principal tema do diálogo, e Putin expressou solidariedade e bons desejos a Lula, além de reafirmar o interesse em manter o bom relacionamento entre os dois países.

A ligação desta segunda-feira (27/1) se dá em um momento estratégico, quando a política internacional está mais dinâmica, com a guerra na Ucrânia em curso e a busca por soluções para crises humanitárias como a fome e a pobreza. Lula, por sua vez, continua a se posicionar como defensor do multilateralismo e da paz, e sua viagem à Rússia pode ser uma oportunidade importante para reforçar o papel do Brasil no cenário mundial e na diplomacia global. A expectativa agora é que, caso a viagem seja confirmada, ela possa abrir novas portas para o fortalecimento das relações entre o Brasil e a Rússia, além de aprofundar o diálogo sobre temas de interesse mútuo, como segurança, economia e a luta contra a fome e a pobreza no mundo.

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