Eleições 2026: Só vou declarar apoio nos 48 do segundo tempo, diz Bolsonaro

Caio Tomahawk


O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta quarta-feira (22) que a eleição de 2026 não será democrática sem a sua presença. Em uma transmissão ao vivo no portal Auriverde Brasil, o ex-chefe do Executivo se mostrou irredutível em relação à sua relevância no próximo pleito, mesmo estando inelegível até 2030. Bolsonaro, que perdeu seus direitos políticos após decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abuso de poder e uso indevido dos meios de comunicação durante a campanha de 2022, destacou que a política brasileira precisa de sua participação para garantir uma eleição justa. "Quem vai ser o cara da direita? Tem que ser Jair Bolsonaro. Não será democrática, a eleição de 2026, sem a minha presença", afirmou. 

O ex-presidente, que enfrenta dois processos de inelegibilidade, o primeiro relacionado a um ataque sem provas ao sistema eleitoral e o segundo por abuso de poder político e econômico, declarou que só tomará decisões definitivas sobre sua possível candidatura ou apoio a outro candidato "aos 48 do segundo tempo", quando as opções já estiverem bem definidas. Segundo ele, apenas se não houver mais possibilidade de sua participação nas eleições é que considerará uma postura diferente. "Só falo algo parecido aos 48 do segundo tempo, quando eu realmente não tiver mais chance", disse Bolsonaro, deixando claro que não está disposto a se posicionar de forma precoce.

Além de sua análise sobre as eleições de 2026, Bolsonaro também provocou uma reflexão sobre o conceito de “remédio democrático” durante a live. O ex-presidente, que tem sido alvo de diversas investigações e discussões sobre a possibilidade de golpe de Estado após a eleição de 2022, afirmou que o estado de sítio seria uma medida legítima para restaurar a ordem democrática. Em sua visão, a medida, prevista na Constituição, seria uma forma de "corrigir" problemas graves no país, caso fosse necessário. "Se queriam dar o golpe via Estado de Sítio de Defesa, pelo amor de Deus, se é que ninguém viu a medida de golpe, vocês não viram, nem a imprensa viu, seria o remédio democrático", declarou. Segundo ele, durante seu governo, ele fez tudo "dentro das quatro linhas da Constituição", argumentando que a proposta de um estado de sítio, se discutida, teria seguido os trâmites legais, incluindo consultas ao Conselho da República e ao Conselho de Defesa Nacional antes de ser encaminhada ao Congresso Nacional.

Essas declarações vêm em um contexto tenso, no qual Bolsonaro foi implicado em um suposto plano de golpe de Estado, conforme apuração da Polícia Federal, que em novembro de 2023 indiciou o ex-presidente e outras 36 pessoas por envolvimento em um esquema para atacar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Bolsonaro, no entanto, negou qualquer tentativa de golpe, assegurando que não houve assinatura de qualquer documento relativo à adoção de medidas extremas como o estado de sítio. "Não levei para frente. Até para estado de defesa. Não convoquei ninguém e não assinei papel. Eu procurei saber se existia alguma maneira na Constituição para resolver o problema. Não teve como resolver, descartou-se", afirmou na ocasião.

A questão do estado de sítio, levantada por Bolsonaro durante a live, foi um tema polêmico em seu governo. A medida está prevista na Constituição Federal e pode ser acionada pelo presidente da República em situações de comoção grave de repercussão nacional ou durante uma guerra. Quando acionada, garante ao presidente plenos poderes, incluindo a suspensão de certas garantias constitucionais. Para que o estado de sítio seja instaurado, o presidente deve solicitar ao Congresso Nacional, após ouvir os conselhos da República e de Defesa Nacional, e um decreto com a duração e as normas da medida deve ser publicado.

As declarações de Bolsonaro geram ainda mais debate sobre o futuro político do ex-presidente, principalmente diante da sua inelegibilidade. Ele tem se mostrado firme na defesa de sua liderança na direita, insistindo que a eleição de 2026 não poderá ocorrer sem sua participação, algo que tende a ser um ponto de resistência e articulação em sua base de apoio. Mesmo sem poder disputar diretamente a presidência, Bolsonaro parece continuar influenciando o cenário político brasileiro, alinhando-se com aliados e fazendo declarações que deixam em aberto a possibilidade de sua candidatura futura, caso consiga reverter sua inelegibilidade. 

A situação de Bolsonaro, que segue em disputa judicial com a Justiça Eleitoral e outras autoridades, mostra a complexidade do cenário político brasileiro para 2026. Enquanto isso, o ex-presidente parece disposto a se manter como uma figura relevante no debate público, com suas ações e declarações sendo cuidadosamente monitoradas por adversários e apoiadores. A sua postura quanto ao futuro das eleições, incluindo a possibilidade de apoiar outro candidato, será um ponto-chave para entender os próximos passos de sua trajetória política.

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